ONU: Relatoras pedem investigação sobre envenenamento de Alexei Navalny

Opositor ao Kremlin, Navalny está preso desde que retornou a Moscou após meses de recuperação por envenenamento

Este conteúdo foi publicado originalmente pela agência ONU News, da Organização das Nações Unidas

Duas especialistas em direitos humanos da ONU afirmam que uma investigação internacional sobre o envenenamento do líder político Alexei Navalny, na Rússia, deve ser uma prioridade.  

A relatora sobre execuções extrajudiciais, Agnes Callamard, e a relatora sobre proteção do direito à liberdade de expressão, Irene Khan, assinaram a nota.

Para elas, é preciso descobrir com urgência o que aconteceu com Navalny e levar os responsáveis à justiça. O opositor russo foi preso em Moscou após retornar da Alemanha, onde passou meses em tratamento após intoxicação com um gás nervoso. 

ONU: Relatoras pedem investigação sobre envenenamento de Alexei Navalny
O político russo, Alexei Navalny, em manifestação contra o Kremlin em Moscou, junho de 2013 (Foto: Divulgação/Bogomolov.PL)

Callamard e Khan afirmaram que esperam uma resposta do governo russo sobre o caso. “Navalny segue detido e tudo deve ser feito para garantir que ele seja protegido de doenças, ataques e, certamente, até homicídio”, disse Callard.

As relatoras enviaram uma carta às autoridades russas em dezembro, após uma investigação de quatro meses sobre o envenenamento, em agosto. Moscou ainda não respondeu.

Conforme Khan, a falta de respostas faz com que as relatoras recorram à comunidade internacional. “O envenenamento pode ter sido feito deliberadamente”, disse. “O novichok foi escolhido precisamente para assustar”.

Novichov

Testes realizados na Alemanha, na França, na Suécia e pela Opaq (Organização para a Proibição de Armas Químicas) concluíram que o envenenamento de Navalny ocorreu por uma nova forma do novichok.

“Navalny estava sob intensa vigilância do governo no momento da tentativa de homicídio, tornando improvável que qualquer terceiro pudesse ter administrado tal produto químico proibido sem o conhecimento das autoridades russas”, disseram.

Crítico do governo e ativista anticorrupção, Navalny foi alvo de inúmeros ataques físicos durante os últimos anos, incluindo pelo menos duas outras tentativas de envenenamento. Em declarações anteriores sobre o assunto, autoridades russas disseram que o país nada tem a ver com o caso. 

ONU: Relatoras pedem investigação sobre envenenamento de Alexei Navalny
O opositor a Putin, Alexei Navalny (centro), em sua primeira foto depois de sair do coma no hospital em Berlim em setembro de 2020 (Foto: Instagram/Alexei Navalny)

Jamal Khashoggi 

As relatoras também acolheram a publicação de um relatório, pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos, atribuindo ao príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Muhammad bin Salman, a responsabilidade pela morte do jornalista Jamal Khashoggi, em 2018. 

Callamard elogiou a transparência do governo americano de divulgar o relatório, mas criticou a falta de exigência de prestação de contas. Ela demonstrou frustração por falta de divulgação das evidências que sustentariam a acusação. 

Crítico do regime saudita, Jamal Khashoggi trabalhava como colunista do jornal “The Washington Post”. Um grupo teria o assassinado dentro do Consulado da Arábia Saudita na Turquia. Seu corpo jamais foi encontrado. 

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