Polícia mata manifestante pró-democracia durante protestos em Eswatini

Violência no país, conhecido como "última monarquia da África", preocupa comunidade internacional e já fez dezenas de vítimas fatais

Um manifestante foi morto pela polícia nesta quarta-feira (13) no Reino de Eswatini, a antiga Suazilândia. Foi a mais recente vítima em meses de protestos no país, que já registram dezenas de mortes, informou a rede Voice of America (VOA).

De acordo com relato da agência AFP, a vítima é um homem, que foi baleado durante um confronto entre a polícia e manifestantes ligados a um grupo de motoristas de ônibus que reivindicam reforma política. O episódio ocorreu na pequena cidade de Malkerns.

“Um homem foi baleado em Malkerns depois que um grupo de manifestantes parou um caminhão que transportava areia e o usou para bloquear uma estrada”, disse William Tsintsibala Dlamini, o comissário-geral da polícia.

A autoridade acrescentou que policiais armados tentaram argumentar com eles, mas o grupo teria retaliado atirando pedras neles. “Foi quando um deles foi morto a tiros”, disse Dlamini a repórteres.

Polícia mata manifestante pró-democracia durante protestos em Eswatini
Comunidade foi às ruas de Malkerns protestar contra a morte do manifestante (Foto: SwaziBridge FM/Reprodução Twitter)

No Twitter, o perfil de uma organização política estudantil publicou imagens de protestos ocorridos na quarta-feira (13). “O povo hoje se levantou e não permite intimidação dos soldados do Exército da Suazilândia. O tempo do medo não é mais agora, não há nada diferente do que eles farão por nós que não fizeram a Nhlanhla Kunene, Thabani Nkomonye e muitos outros”, disse o post, citando dois mortos em protestos por democracia.

No início desta semana, forças de segurança foram enviadas a escolas em todo o país, já que muitos estudantes do ensino médio promoveram boicote às aulas em alinhamento aos protestos.

Por que isso importa?

Eswatini é conhecida como a “última monarquia da África“. A comunidade internacional não vem poupando críticas ao país em 2021 por seu uso excessivo de força contra os manifestantes. Tanto que o Escritório de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas) classificou como “profundamente preocupante” a eclosão da violência no país. 

Segundo as agências de notícias, as manifestações começaram em maio, após a morte de um estudante de Direito de 25 anos supostamente causada pela polícia. Imagens de vídeo que circularam mostraram manifestantes fugindo do exército.

Em junho, pelo menos 27 pessoas foram mortas quando a sociedade civil e grupos de oposição entraram em confronto com a polícia durante manifestações em Manzini e Mbabane, as maiores cidades do país.

A população exige reformas políticas no pequeno reino, mais especificamente a libertação de dois legisladores pró-democracia presos durante protestos durante o verão. Em julho, grandes manifestações exigiram que o novo primeiro-ministro fosse escolhido pelo povo, não pelo rei.

A ONU diz que relatos vindos do país falam em “uso desproporcional e desnecessário da força, assédio e intimidação” por parte das forças de segurança a fim de suprimir os protestos. As autoridades nacionais também teriam cortado os serviços de internet no país. 

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