União Africana lança programa para rastrear ameaças a jornalistas

Em 2020, seis jornalistas africanos foram mortos enquanto dezenas sofreram ameaças, prisões arbitrárias e assédio

O aumento de agressões a jornalistas na África motivou a UA (União Africana) a lançar um programa para rastrear ameaças contra esses profissionais.

De acordo com a emissora Voice of Africa, os dados ficarão no portal “Segurança aos jornalistas da África”. A medida busca ampliar o apoio à liberdade de imprensa.

Só em 2020, seis jornalistas africanos foram mortos, de acordo com dados da Federação Internacional de Jornalistas. Outros dezenas sofreram ameaças, foram presos, assediados e censurados.

“Em alguns países do continente, liberdade e acesso à informação são questão de vida ou morte”, disse o presidente do Fórum de Editores Africanos, Siad Jovial Rantao.

União Africana lança programa para rastrear ameaças a jornalistas
Jornalista registra movimento na capital de Uganda, Kampala, em setembro de 2016 (Foto: Pixabay/Nambasi)

O presidente da África do Sul e atual líder da UA, Cyril Ramaphosa, afirmou que não é preciso concordar com o trabalho dos jornalistas para apoiar a iniciativa. “É preciso que defendamos o direito dos jornalistas mesmo que discordemos de suas publicações”, disse.

Especialistas no assunto, contudo, já alertaram que, além da plataforma contra ameaças, é essencial que a UA exija responsabilidade dos jornalistas.

No lançamento do site, no dia 29, representantes da imprensa lembraram de Félicien Kabuga, fundador da emissora Radio Télévision Libre des Mille Collines, de Ruanda.

A emissora participou e incentivou ativamente os ruandeses a tomarem parte no genocídio de 1994, que matou mais de 800 mil pessoas em uma disputa de hutus contra tutsis.

Capturado na França no ano passado, Félicen deve ser julgado pelo Tribunal de Haia por crimes contra a humanidade.

A plataforma também deve manter o foco nas violações contra emissoras e profissionais em regiões de conflito. No dia 19, as forças de segurança da Etiópia assassinaram um jornalista que tentava noticiar os conflitos na região de Tigré.

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