A ruptura entre a Armênia e a Rússia tornou-se tensa na quarta-feira (12), quando o primeiro-ministro armênio Nikol Pashinian afirmou que seu país em breve deixará a OTSC (Organização do Tratado de Segurança Coletiva), uma aliança militar liderada por Moscou. As informações são do site Politico.
“Vamos sair. Decidiremos o momento da nossa saída”, disse o líder armênio a legisladores de oposição, denunciando ainda supostos planos da aliança de coordenar uma agressão a seu país. “Acontece que os membros da aliança não estão cumprindo suas obrigações contratuais e estão planejando uma guerra contra nós junto do Azerbaijão.”
A OTSC surgiu em 1992 como uma resposta regional à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e conta até agora com seis países, todos ex-Estados soviéticos: Rússia, Armênia, Belarus, Cazaquistão, Quirguistão e Tadjiquistão.
Como consequência da saída, Pashinian afirmou que destituirá seus representantes na aliança e deixará de contribuir financeiramente, embora Moscou tenha afirmado que todas as dívidas precisam ser pagas “obrigatoriamente”.

Ruptura definitiva
A crise entre Armênia e Rússia remete à tomada da região de Nagorno-Karabakh pelo Azerbaijão em setembro de 2023. As Forças Armadas azeris empreenderam uma rápida e eficaz ofensiva militar que permitiu ao país reassumir o controle do enclave, alvo de disputa desde o fim da União Soviética.
Pashinian acusou Moscou de conivência com a ofensiva azeri e desde então passou a adotar medidas que contrariam os interesses russos. Entre elas a adesão, em outubro de 2023, ao Tribunal Penal Internacional (TPI), um movimento classificado como “extremamente hostil” pelo Kremlin.
Em outro sinal de que pretende se voltar cada vez mais ao Ocidente, abandonado de vez a parceria com a Rússia, a Armênia determinou que soldados russos que estavam estacionados em sua fronteira se retirassem, o que foi acatado por Moscou.
Tropas russas também bateram em retirada de Nagorno-Karabakh nesta semana, deixando o enclave totalmente sobre controle do Azerbaijão. De acordo com a rede Radio Free Europe (RFE), a evacuação militar foi concluída por Moscou no mesmo dia em que Pashinian anunciou a saída da OTSC.
Como parte do acordo de paz que evitou um conflito mais amplo, a Armênia ainda concordou com a delimitação da fronteira do país a partir de mapas estabelecidos nos tempos de União Soviética, o que gerou protestos da população armênia contra o premiê.
Os cidadãos alegam que Pashinian entregou território ao Azerbaijão sem receber qualquer contrapartida, mas ele enxerga o acordo como uma vitória sob a alegação de que “uma guerra poderia estourar” caso não aceitasse a decisão. Agora, muda o discurso e diz mais uma vez que existe o risco de um conflito.