Autoridade russa cita instalações nucleares a serviço dos EUA como alvos legítimos

Porta-voz do Ministério das Relações Exteriores diz que Rússia atacaria bases de mísseis norte-americanos em caso de conflito direto

Instalações no norte da Europa que eventualmente abriguem mísseis nucleares dos EUA seriam um alvo legítimo da Rússia em caso de um confronto com a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). A afirmação foi feita na quinta-feira (7) pela porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova, segundo relatou a agência estatal Tass.

“Não é preciso ser um estrategista militar para perceber que tais instalações representariam uma fonte de ameaça direta e, naturalmente, seriam inevitavelmente incluídas na lista de alvos legítimos num cenário de confronto militar direto entre o nosso país e a Otan”, disse a autoridade russa.

Maria Zakharova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores (Foto: WikiCommons)

A manifestação de Zakharova surge como uma ameaça preventiva de Moscou, depois que o presidente da Finlândia, Alexander Stubb, sugeriu que mísseis nucleares norte-americanos poderiam ser posicionados em seu país como dissuasão contra Moscou.

Atualmente, a Constituição finlandesa proíbe armas nucleares no país. Entretanto, Stubb deu a entender que apoiaria uma mudança na lei se esse fosse o desejo do parlamento local, conforme relatou a agência Reuters.

“Eu partiria da premissa de que nós, na Finlândia, devemos ter uma verdadeira dissuasão nuclear, e é isso que temos, porque a Otan praticamente nos dá três dissuasões através da nossa adesão”, disse Stubb em sua primeira coletiva de imprensa no cargo, após a vitória nas eleições de fevereiro.

Ele, então, citou as três dissuasões: “O primeiro são militares, ou seja, soldados. O segundo são mísseis, ou seja, munições. E o terceiro é um dissuasor nuclear, que vem dos Estados Unidos”, declarou.

A ameaça da Rússia

No ano passado, a Finlândia abandonou sua histórica neutralidade e aderiu à Otan, sob a justificativa de temer uma agressão semelhante à que ocorreu contra a Ucrânia. O país escandinavo compartilha com a Rússia uma fronteira de cerca de 1,34 mil quilômetros, a mais longa entre a União Europeia (UE) e o território russo.

“Enfrentamos agora uma nova era. Como resultado do nosso alinhamento militar e da adesão à Otan, demos o passo final para a comunidade ocidental de valores, à qual a nossa república pertenceu espiritualmente ao longo da sua independência”, disse Stubb no discurso.

Na eventualidade de a sugestão de Stubb ser levada adiante, Zakharova afirmou que o preço a ser pago pelos finlandeses seria alto demais. “Até que ponto o povo da Finlândia está consciente dos riscos que terá de enfrentar é uma grande questão. Tal decisão mudará realmente muito no contexto da segurança daquele país e de outras questões relevantes para esse Estado”, destacou a porta-voz.

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