Após publicarem imagens das férias no exterior em redes sociais, dois parlamentares russos foram “cancelados“, tanto na internet quanto na cúpula do Rússia Unida, principal partido da base do presidente Vladimir Putin. As postagens não pegaram nada bem em tempos de guerra, segundo informações do jornal independente The Moscow Times.

Um deles é Maxim Vasilyev, deputado na região de Kursk, na fronteira com a Ucrânia. Na semana passada, um vídeo em que ele aparece bebendo e enviando “saudações” a seus compatriotas em um resort no litoral do México foi maciçamente veiculado na mídia russa. O episódio gerou reações de outros funcionários do governo. 

Pelo Telegram, o governador de Kursk, Roman Starovoit, comentou a viagem de Vasilyev. “Assim como milhares de meus compatriotas, estou irritado com a mensagem de vídeo”, escreveu em um post, e acrescentou: “Vivemos em uma região de fronteira e isso traz exigências adicionais ao trabalho e ao comportamento de todos os funcionários públicos. Sim, estou muito zangado”.

Quem adotou um tom mais duro sobre a ostentação do parlamentar russo em meio ao conflito com os ucranianos foi o secretário-geral do Rússia Unida, Andrei Turchak, definindo a atitude como “pico da hipocrisia e da desumanidade”. Ele cobrou renúncia de Vasilyev e sua esposa. 

Vasilyev, que não tem sigla no parlamento e não é membro do Rússia Unida, rebateu as críticas em entrevista ao canal do Telegram Podyem, as quais definiu como “infundadas e exageradas”. Sobre os pedidos de renúncia, ele disse que só teriam legitimidade se fossem feitos por seus “próprios constituintes”.

Ele negou ter postado o vídeo, alegando que não era para ser visto pelo público geral. Também culpou o “um representante da Ucrânia Ocidental” pelo vazamento, o qual disse ter relação de amizade antes da invasão russa.

O outro caso envolveu Denis Dolzhenko, deputado na região de Vologda, no norte do país. Durante um feriado russo recente, ele publicou em suas redes uma foto em Dubai na companhia de Ksenia Shoigu, filha de Sergei Shoigu, ministro da Defesa da Rússia. O episódio também gerou críticas do Rússia Unida, que prometeu expulsá-lo do partido.

O parlamentar respondeu à repercussão negativa definindo como “emocionais” os comentários do secretário-geral do partido, Andrei Turchak. Ele sustentou ainda, que não poderia ser expulso do partido, já que não é um membro.

Os casos dos parlamentares não são isolados. Familiares de funcionários de alto escalão do Kremlin têm viajado o mundo durante as férias mesmo num cenário de sanções ocidentais, incluindo estadias em Estados-membros da União Europeia (UE) e países da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

Uma delas é filha do chefe da Inteligência Estrangeira da Rússia, Sergei Naryshkin, que já foi vista em Seychelles, Turquia e Bali.