Blogueira é condenada a 18 meses de prisão por atuar em protestos em Belarus

Volha Takarchuk é acusada de ter "gritado slogans" e ajudado a "bloquear o tráfego" durante protestos populares em agosto do ano passado

Um tribunal de Minsk condenou a blogueira Volha Takarchuk a 18 meses de prisão por ter participado dos protestos contra o presidente de Belarus Alexander Lukashenko. Ela terá que cumprir a pena em uma colônia penal de segurança máxima, segundo informações da rede Radio Free Europe.

Takarchuk, de 36 anos, é acusada de perturbação da ordem pública, por ter “gritado slogans” e ajudado a “bloquear o tráfego” durante protestos populares em agosto do ano passado.

“Se cada um de nós ficar em silêncio, será o que era antes: todos na cozinha odiavam silenciosamente o poder, condenavam-no, mas sentavam-se e não faziam nada. Não quero viver de joelhos”, disse ela em um vídeo gravado em janeiro, antecipando a possibilidade de ser condenada e presa.

Volha Takarchuk, blogueira condenada a prisão em Belarus (Foto: reprodução/Twitter)

Por que isso importa?

Belarus testemunha uma crise de direitos humanos sem precedentes, com fortes indícios de desaparecimentos, tortura e maus-tratos como forma de intimidação e assédio contra seus cidadãos. Dezenas de milhares de opositores ao regime de Lukashenko, no poder desde 1994, foram presos ou forçados ao exílio desde as controversas eleições no ano passado.

O presidente, chamado de “último ditador da Europa”, parece não se incomodar com a imagem autoritária, mesmo em meio a protestos populares e desconfiança crescente após a reeleição de 2020, marcada por fortes indícios de fraude. A porta-voz do presidente, Natalya Eismont, chegou a afirmar em 2019, na televisão estatal, que a “ditadura é a marca” do governo de Belarus.

Desde que os protestos começaram, após o controverso pleito, as autoridades do país têm sufocado ONGs e a mídia independente, parte de uma repressão brutal contra cidadãos que contestam os resultados oficiais da votação. Ativistas de direitos humanos dizem que mais de 800 pessoas são atualmente prisioneiros políticos no país.

O desgaste com o atual governo, que já se prolonga há anos, acentuou-se em 2020 devido à forma como ele lidou com a pandemia, que chegou a chamar de “psicose”. Em determinado momento, o presidente recomendou “vodka e sauna” para tratar a doença.

Nos últimos meses, Belarus passou a sofrer acusações também da União Europeia (UE), de patrocinar a tentativa de migrantes e deslocados ingressarem no bloco. São expatriados do Oriente Médio, do Sudeste Asiático e da África que tentam cruzar as fronteiras com Polônia, Lituânia e Estônia.

As autoridades belarussas negam as acusações e direcionam ataques à UE, usando como argumento o fato de que Bruxelas não estaria oferecendo passagem segura aos migrantes, que estariam enfrentando um frio congelante enquanto os países medem forças.

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