O Wagner Group, que nos últimos meses tem convocado presidiários para combater na Ucrânia em troca do perdão a seus crimes, agora quer fazer o mesmo com mulheres que cumprem pena na Rússia. O plano foi confirmado por Evgeny Prigozhin, patrono da organização paramilitar e importante aliado do presidente russo Vladimir Putin. As informações são do jornal independente The Moscow Times.
O projeto surgiu como uma sugestão de Vyacheslav Vegner, parlamentar que pediu à Assembleia Legislativa da região de Sverdlovsk a aprovação de uma lei nesse sentido. Ele se manifestou através da rede social russa VK.
“Fui abordado por uma equipe de mulheres cumprindo sentenças no [presídio] IK-6, na cidade de Nizhny Tagil, região de Sverdlovsk. Elas estão prontas para ir para à operação militar especial como sinalizadoras, médicas e enfermeiras, a fim de prestar toda a assistência possível aos nossos militares ali”, disse ele.
Segundo Prigozhin, a convocação de presidiárias para ir à guerra é uma questão de igualdade de gênero. Ele respondeu ao político e afirmou que as russas têm condições de servir às forças armadas “não apenas como enfermeiras e sinalizadoras, mas também em grupos de sabotagem e duplas de atiradoras”.
Além de abraçar a proposta, Prigozhin disse que ela será levada adiante pelo Legislativo. “Estamos trabalhando nessa direção. Há resistência, mas acho que chegaremos lá”, declarou.
Por que isso importa?
Desde julho é sabido que as forças armadas da Rússia têm aumentado seu efetivo na Ucrânia através do recrutamento em massa de presidiários, que aceitam a missão em troca de perdão por seus crimes. A convocação é feita pela FSB (Agência de Segurança Federal, da sigla em inglês) e pelo Wagner Group.
Em setembro, um vídeo compartilhado através do aplicativo de mensagens Telegram pela equipe do oposicionista russo Alexei Navalny mostrou um indivíduo supostamente recrutando presos. O sujeito mostrado nas imagens se parece fisicamente com Prigozhin.
No vídeo, o homem fala a um grande grupo de presos, todos com uniformes escuros. Ele se apresenta como membro do Wagner Group e explica as condições que devem ser atendidas para o recrutamento. O contrato é para seis meses de serviços no campo de batalhas. Entre os avisos, ele diz que desertores serão fuzilados.
“Não há como voltar à prisão depois disso”, diz o homem, afirmando que os sobreviventes terão o direito de escolher se preferem continuar a serviço do Wagner Group ou não. Independentemente da decisão, se servirem e sobreviverem, receberão o perdão presidencial e serão libertados.
A questão foi oficializada no início de novembro, quando Putin assinou uma lei que oferece anistia aos presidiários que servirem às forças armadas.
A normativa legal não permite o perdão aos condenados por crimes sexuais contra maiores e menores de idade, espionagem, terrorismo e traição. Já aqueles que cumprem pena por homicídio, roubo, latrocínio e sequestro, por exemplo, podem ser beneficiados com o perdão.