Espião chinês em escândalo no Reino Unido é revelado: caso envolve realeza e política

Empresário acusado de espionagem, que era próximo da família real, revela identidade e nega envolvimento em atividades ilegais

Yang Tengbo, empresário chinês de 50 anos, revelou-se como o suposto espião no centro de um escândalo que agita o Reino Unido. Acusado de atuar em nome do governo chinês, Yang foi banido de entrar no país em 2023, sob a alegação de representar uma ameaça à segurança nacional. As informações são do site Politico.

Yang, que viveu por quase duas décadas no Reino Unido, cultivou contatos influentes, incluindo membros da família real britânica e políticos de alto escalão. Ele era próximo do príncipe Andrew, já envolvido em outras controvérsias, como sua ligação com o criminoso sexual Jeffrey Epstein. Documentos revelaram que encontros secretos entre Yang e Andrew ocorreram até mesmo em locais como o Palácio de Buckingham.

Uma correspondência descoberta pelas autoridades detalha como Yang teria ajudado a organizar reuniões discretas no castelo de Windsor. “Você está no topo de uma árvore que muitas pessoas gostariam de escalar”, escreveu Dominic Hampshire, conselheiro do príncipe.

Príncipe Andrew no National Memorial Arboretum, 1º de setembro de 2011 (Foto: Thorne1983/WikiCommons)

Em declaração oficial, Yang negou todas as acusações. “Nunca fiz nada de errado ou ilegal. A descrição generalizada de mim como ‘espião’ é completamente falsa”, afirmou. “Construí minha vida privada aqui por duas décadas e amo este país como minha segunda casa.”

Impacto político e apelos por segurança

A revelação do caso gerou intensa discussão no Parlamento britânico. Deputados criticaram a falha em impedir que alguém monitorado pelos serviços de segurança tivesse acesso tão próximo à família real. Iain Duncan Smith, ex-líder do Partido Conservador, chamou Yang de parte de um esforço maior de “captura de elites” pela China.

Sari Arho Havrén, especialista em relações internacionais, destacou os potenciais benefícios para Beijing. “Uma relação próxima com o príncipe Andrew pode abrir portas para contatos influentes e criar uma base favorável ao governo chinês dentro do Reino Unido.”

Conexões na política e negócios

Yang também esteve envolvido em iniciativas comerciais de alto nível, como o esquema empresarial Pitch@Palace, liderado pelo príncipe Andrew, e em contratos com a televisão estatal chinesa. Ele foi fotografado ao lado de ex-primeiros-ministros como David Cameron e Theresa May, embora porta-vozes de ambos afirmem não se lembrar do encontro.

Além disso, Yang teria apoiado financeiramente uma empresa de moda liderada por Barbara Judge, descrita como “uma das mulheres mais bem conectadas do Reino Unido”.

Consequências diplomáticas

O escândalo surge em um momento delicado para o governo britânico, liderado por Keir Starmer, que busca melhorar as relações com a China após anos de tensões. Apesar disso, o chanceler David Lammy enfatizou que ações serão tomadas contra indivíduos que representem uma ameaça à segurança nacional.

“Este caso não existe em um vácuo”, declarou Lammy, destacando que a decisão de manter Yang fora do país é um reflexo das preocupações mais amplas com a influência estrangeira.

Revisão das políticas com a China

O governo do Reino Unido realiza atualmente uma auditoria de suas políticas em relação à China, incluindo a implementação de um registro de influências estrangeiras. Apesar de pressões para classificar a China como uma ameaça maior, o governo parece relutante em tomar medidas que possam prejudicar laços comerciais.

Especialistas alertam que, embora o escândalo possa gerar tensões momentâneas, tanto Beijing quanto Londres devem evitar um confronto direto. “Pressionar o botão de reset repetidamente é um problema político, não físico”, observou Steve Tsang, diretor do Instituto da China na Universidade SOAS.

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