Filho de político que desafiou Lukashenko é condenado à prisão em Belarus

Eduard Babariko foi sentenciado a oito anos de prisão. O pai dele, que era favorito a vencer a eleição de 2020, também está preso

A Justiça de Belarus condenou a oito anos de prisão Eduard Babariko, filho do candidato de oposição que era favorito a derrotar o ditador Alexander Lukashenko nas eleições presidenciais de 2020. As informações são do jornal independente The Moscow Times.

Viktor Babariko, que teve a candidatura rejeitada e por isso não concorreu com Lukashenko, foi preso em junho de 2020, pouco antes do pleito. No ano seguinte, foi condenado a 14 anos de prisão por evasão fiscal e corrupção, acusações que ele e seus apoiadores classificam como politicamente motivadas.

“Este processo criminal não tem objetivo de revelar um crime, mas sim me impedir de ser um concorrente do atual presidente de Belarus”, afirma Viktor Babariko por ocasião de sua prisão, destacando que antes de se lançar candidato não era alvo de nenhuma acusação.

Eduard, como o pai, foi preso antes do pleito e estava à espera de julgamento, acusado de sonegação de impostos, lavagem de dinheiro, incitação ao ódio e organização de tumultos massa. A promotoria pediu pena de dez anos, enquanto a sentença estabeleceu oito anos em um presídio de segurança máxima.

Viktor Babariko, rival político de Lukashenko: 14 anos de prisão (Foto: Acervo pessoal do Instagram)
Por que isso importa?

Belarus testemunha uma crise de direitos humanos sem precedentes, com fortes indícios de desaparecimentos, tortura e maus-tratos como forma de intimidação e assédio contra seus cidadãos. Dezenas de milhares de opositores ao regime de Lukashenko, no poder desde 1994, foram presos ou forçados ao exílio desde as controversas eleições no ano passado.

O presidente, chamado de “último ditador da Europa”, parece não se incomodar com a imagem autoritária, mesmo em meio a protestos populares e desconfiança crescente após a reeleição de 2020, marcada por fortes indícios de fraude. A porta-voz do presidente Natalya Eismont chegou a afirmar em 2019, na televisão estatal, que a “ditadura é a marca” do governo de Belarus.

Desde que os protestos populares tomaram as ruas do país após o controverso pleito, as autoridades belarussas têm sufocado ONGs e a mídia independente, parte de uma repressão brutal contra cidadãos que contestam os resultados oficiais da votação. A organização de direitos humanos Viasna diz que há atualmente quase de 1,5 mil prisioneiros políticos no país.

O desgaste com o atual governo, que já se prolonga há anos, acentuou-se em 2020 devido à forma como ele lidou com a pandemia, que chegou a chamar de “psicose”. Em determinado momento, o presidente recomendou “vodka e sauna” para tratar a doença.

A violenta repressão imposta por Lukashenko levou muitos oposicionistas a deixarem o país. Aqueles que não fugiram são perseguidos pelas autoridades e invariavelmente presos. É o caso de Sergei Tikhanovsky, que cumpre uma pena de quase 20 anos de prisão sob acusações consideradas politicamente motivadas. Ele é marido de Sviatlana Tsikhanouskaia, candidata derrotada na eleição presidencial e hoje exilada.

Já o distanciamento entre o país e o Ocidente aumentou com a guerra na Ucrânia, vez que Belarus é aliada da Rússia e permitiu que tropas de Moscou usassem o território belarusso para realizar a invasão.

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