A Justiça russa condenou na segunda-feira (14) a longas penas de prisão membros de um grupo hacker cujo líder alegou ter sido recrutado pela FSB (Agência Nacional de Segurança, da sigla em inglês), com a missão de invadir os servidores do Partido Democrata dos Estados Unidos. As informações são da Radio Free Europe.
A sentença foi dada por um tribunal da cidade de Yekaterinburg, que condenou 21 membros da organização cibercriminosa conhecida como Lurk a penas que vão de cinco a 14 anos. Um suspeito está foragido.
Konstantin Kozlovsky, principal nome do grupo, recebeu a sentença mais longa. Ele deverá cumprir 14 anos de detenção após o tribunal considerá-lo culpado de organizar uma rede criminosa, fraude e acesso ilegal a dados online.
A investigação, que teve início há seis anos, apontou que o grupo usou um vírus de computador também conhecido como Lurk para roubar cerca de US$ 15,6 milhões de bancos e instituições financeiras russas entre os anos de 2015 e 2016.
De acordo com os investigadores, os hackers tentaram roubar uma grande quantia de dinheiro da Concord Catering, uma empresa de propriedade do empresário Yevgeny Prigozhin, um conhecido aliado político do presidente russo Vladimir Putin. Popularmente conhecido como “Chef de Putin”, ele é famoso por servir jantares suntuosos para figuras do Kremlin.
Kozlovsky admitiu durante a investigação que foi recrutado pela FSB em 2008, sendo orientado a realizar diversas atividades cibercriminosas. Entre tais ações, ele mencionou ter invadido os servidores do Comitê Nacional Democrata dos EUA, a conta de e-mail pessoal da candidata presidencial Hillary Clinton e outras organizações e entidades militares norte-americanas.
Em 2017, Kozlovsky publicou no Facebook conteúdo relacionado às suas alegações, com base em fontes que confirmaram suas declarações sobre suas atividades de hackers sob a supervisão da FSB. A conta então ficou inacessível.
Os investigadores russos rejeitaram as alegações de Kozlovsky, dizendo que elas não haviam sido confirmadas por especialistas.
Por que isso importa?
A mais recente edição do relatório anual de segurança digital publicado pela Microsoft, que cobre o período entre julho de 2020 e junho de 2021, indica que a Rússia é a nação que mais patrocina ataques hackers no mundo, seguida de longe pela Coreia do Norte.
“O cenário de ataques cibernéticos está se tornando cada vez mais sofisticado à medida em que os criminosos cibernéticos mantêm – e até mesmo intensificam – sua atividade em tempos de crise”, diz o relatório. “O crime cibernético, patrocinado ou permitido pelo Estado, é uma ameaça à segurança nacional. Ataques ransomware são cada vez mais bem-sucedidos, incapacitando governos e empresas, e os lucros com esses ataques estão aumentando”.
Os números colhidos no período mostram que o grupo Nobelium, acusado de ser patrocinado pelo Kremlin, é o mais ativo no mundos, responsável por 59% das ações hackers atreladas a governos. Em segundo lugar aparece o grupo Thallium, da Coreia do Norte, com 16%. O terceiro grupo mais ativo é o iraniano Phosphorus, com 9%.
Entre os setores mais atingidos, o governamental surge em destaque, sendo o alvo dos hackers em 48% dos casos apurados. Em segundo, com 31%, aparecem ONGs e think tanks. Já as nações mais visadas são os Estados Unidos, com 46%, a Ucrânia, com 19%, e o Reino Unido, com 9%.