Justiça russa rejeita apelação de Navalny, rotulado como ‘terrorista’ na prisão

Preso desde janeiro de 2021, ele cumpre pena de nove anos com base em acusações que diz terem motivação política

A Justiça da Rússia não acolheu um recurso interposto pelos advogados do oposicionista Alexei Navalny, principal rival doméstico do presidente Vladimir Putin. Preso desde janeiro de 2021, ele tentava derrubar a classificação de “terrorista e extremista” imposta em outubro de 2021 por uma comissão formada na prisão em que está detido. As informações são da rede Radio Free Europe.

Inicialmente, Navalny recebeu o rótulo de “inclinado a escapar do encarceramento”, que impunha a ele uma série de restrições. Com a alteração da classificação para a de “terrorista e extremista”, ele teve as restrições ampliadas e foi forçado a usar um uniforme prisional com uma faixa verde. A designação também fica em destaque na cela. 

À época em que a classificação foi anunciada, o oposicionista abordou a decisão com ironia. “Eu temia que eles exigissem que eu beijasse os retratos de Putin e memorizasse as citações de Medvedev, mas isso também não foi necessário”, disse ele através de seu Instagram, citando o atual e o ex-presidentes da Rússia. A conta na rede social é atualizada por aliados de Navalny.

Alexei Navalny, oposicionista do presidente Vladimir Putin (Foto: reprodução/Instagram)
Por que isso importa?

Navalny ganhou destaque ao organizar manifestações e concorrer a cargos públicos na Rússia. A principal plataforma do oposicionista é o combate à corrupção no governo de Vladimir Putin, em virtude da qual ele cobra uma profunda reforma na estrutura política do país.

Em agosto de 2020, durante viagem à Sibéria, Navalny foi envenenado e passou meses se recuperando em Berlim. Ele voltou a Moscou em 17 de janeiro de 2021 e foi detido no aeroporto. Um mês depois, foi julgado e condenado a dois anos e meio de prisão por violar uma sentença suspensa de 2014, sob acusação de fraude. Promotores alegaram que ele não se apresentou regularmente à polícia em 2020, justamente quando estava em coma pela dose tóxica.

Encarcerado em uma colônia penal de alta segurança, ele chegou a fazer uma greve de fome de 23 dias em abril de 2021, para protestar contra a falta de atendimento médico. Depois, em junho, um tribunal russo proibiu os escritórios regionais de Navalny e sua fundação, a FBK, de funcionarem, classificando-os como “extremistas”.

Em janeiro deste ano, ele foi incluído na lista de “terroristas e extremistas” do Serviço Federal de Monitoramento Financeiro da Rússia. No dia 22 de março, foi julgado por peculato e desacato. Condenado, teve o tempo de detenção ampliado em nove anos.

Os mortos de Putin

Desde que assumiu o poder na Rússia, em 1999, o presidente Vladimir Putin esteve envolvido, direta ou indiretamente, ou é forte suspeito de ter relação com inúmeros eventos, que levaram a dezenas de milhares de mortes. A lista de vítimas do líder russo tem soldados, civis, dissidentes e até crianças. E vai aumentar bastante com a guerra que ele provocou na Ucrânia.

Na conta dos mortos de Putin entram a guerra devastadora na região do Cáucaso, ações fatais de suas forças especiais que resultaram em baixas civis até dentro do território russo, a queda suspeita de um avião comercial e, em 2022, a invasão à Ucrânia que colocou o mundo em alerta.

A Referência organizou alguns dos principais incidentes associados ao líder russo. Relembre os casos.

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