Líder democrática pede que belarussos confrontem ‘agressão e imperialismo’ de Moscou

Sviatlana Tsikhanouskaia, exilada devido à perseguição que sofre em seu próprio país, sugeriu que a soberania de Belarus está ameaçada

Sviatlana Tsikhanouskaia, líder democrática belarussa exilada, convocou seus compatriotas a confrontar a “agressão e o imperialismo” da Rússia, sugerindo que a soberania de Belarus está ameaçada devido à submissão de seu governo ao Kremlin. Ela se manifestou em entrevista à rede Radio Free Europe (RFE).

“Somos confrontados com a agressão e o imperialismo russos e devemos permanecer firmes na defesa da independência da nossa nação”, disse ela a partir de Praga, na República Tcheca. “Devemos defender com integridade e dignidade o trabalho iniciado pelos nossos antepassados. É imperativo que esta luta não se prolongue indefinidamente, permitindo à nossa geração salvaguardar a nossa independência e soberania.”

Sviatlana Tsikhanouskaia, líder democrática exilada de Belarus (Foto: European Parliament/Flickr)

Alexander Lukashenko, presidente de Belarus, é aliado do líder russo Vladimir Putin e já chegou a admitir a possibilidade de que seu país fosse incorporado por Moscou. Os dois firmaram um pacto em 1999, chamado de Estado da União, que prevê a integração, mas a ideia não avançou devido à hesitação do belarusso.

Em março de 2022, o jornalista russo Konstantin Eggert afirmou, em artigo publicado pela rede Deutsche Welle (DW), que “o Kremlin vem consolidando seu controle sobre o país vizinho”. E isso, segundo ele, “aponta para o objetivo de a Rússia absorver Belarus de uma forma ou de outra, embora possa permanecer oficialmente no mapa com Lukashenko como governante.”

A aliança entre Belarus e Rússia se fortaleceu com a guerra da Ucrânia, com Lukashenko permitindo que Moscou acumulasse tropas na região de fronteira e posteriormente usasse o território belarusso como passagem para as forças armadas russas.

A situação levou governos e entidades ocidentais a incluírem Belarus em inúmeras sanções impostas à Rússia em função da guerra, mesmo que Minsk não tenha enviado soldados para combater ao lado das tropas da nação aliada.

Líder da oposição

Tsikhanouskaia é a principal figura do movimento democrático belarusso desde que o marido dela, Sergei Tsikhanouski, foi impedido de concorrer na eleição presidencial de 2020, sendo posteriormente preso. Hoje ela vive em Vilnius, na Lituânia, e lidera o movimento de resistência a Lukashenko.

“Temos que ser fortes. Temos que fortalecer as redes de pessoas dentro e fora do país para agirem em conjunto”, disse a oposicionista, que citou os belarussos no exílio como uma importante motivação para que continue seu trabalho. “Sei que não estou sozinha. Não vamos desistir e continuaremos a trabalhar.”

A própria Tsikhanouskaia foi julgada e sentenciada a 15 anos de prisão em março do ano passado, mas segue em liberdade porque deixou o país devido à perseguição politica. Ela reivindica a vitória nas eleições presidenciais de 2020, sob o argumento de que o pleito foi forjado para reeleger Lukashenko.

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