Alexei Navalny fala em Putin ‘enfraquecido’ e anuncia que sua rede voltará a atuar

Equipe do oposicionista, listada como 'extremista' e então banida, diz que vai operar como um 'grupo guerrilheiro clandestino'

A equipe do oposicionista Alexei Navalny, principal rival doméstico do presidente Vladimir Putin na Rússia, anunciou na terça-feira (4) que voltará a operar no país, mesmo tenso sido classificada como “extremista” e sendo, consequentemente, banida.

Muitos associados de Nalany fugiram do país nos últimos meses, e o próprio oposicionista cumpre pena de 11 anos de prisão em uma colonial penal nas proximidades de Moscou. Ainda assim, os partidários dele dizem que voltarão a operar, aproveitando que o regime está, nas palavras deles, “enfraquecido“.

Leonid Volkov e Ivan Zhdanov, dois dos principais aliados de Navalny e que hoje vivem exilados, disseram em um vídeo no YouTube (falado em russo, abaixo) que pretendem atuar como um “grupo guerrilheiro clandestino” para driblar a perseguição estatal, de acordo com a rede Radio Free Europe (RFE).

De acordo com Zhdanov, a “segurança dos membros do grupo é uma prioridade”, por isso foi criado um sistema que permitirá a eles agir de forma anônima. Já Volkov sugeriu que novos membros foram recrutados e que os antigos colaboradores só tomarão parte na operação se assim o quiserem.

A rede de Navalny chegou a ter 50 sedes regionais em toda a Rússia e, entre outras ações, denunciava casos de corrupção envolvendo o governo Putin e figuras importantes ligadas a ele. Isso levou o Kremlin a agir judicialmente para proibir a atuação do rival.

Segundo os aliados do oposicionista, porém, o momento agora é propício para um retorno, vez que a guerra em andamento na Ucrânia e a recente mobilização militar anunciada pelo presidente levaram ainda mais cidadãos russos a contestar as decisões do governo.

“Putin trouxe guerra e sofrimento a todas as famílias russas em todas as casas”, disse Volkov no vídeo, segundo o jornal independente The Moscow Times. “A luta pode assumir uma variedade de formas e extremos diferentes. Você pode divulgar informações, fornecer assistência jurídica, ser voluntário ou sabotar o trabalho dos escritórios de alistamento militar”.

Leonid Volkov (esq.) e Ivan Zhdanov, assessores de Alexei Navalny (Foto: reprodução/Instagram)
Por que isso importa?

Navalny ganhou destaque ao organizar manifestações e concorrer a cargos públicos na Rússia. A principal plataforma do oposicionista é o combate à corrupção no governo de Vladimir Putin, em virtude da qual ele cobra uma profunda reforma na estrutura política do país.

Em agosto de 2020, durante viagem à Sibéria, Navalny foi envenenado e passou meses se recuperando em Berlim. Ele voltou a Moscou em 17 de janeiro de 2021 e foi detido no aeroporto. Um mês depois, foi julgado e condenado a dois anos e meio de prisão por violar uma sentença suspensa de 2014, sob acusação de fraude. Promotores alegaram que ele não se apresentou regularmente à polícia em 2020, justamente quando estava em coma pela dose tóxica.

Encarcerado em uma colônia penal de alta segurança, ele chegou a fazer uma greve de fome de 23 dias em abril de 2021, para protestar contra a falta de atendimento médico. Depois, em junho, um tribunal russo proibiu os escritórios regionais de Navalny e a FBK de funcionarem, classificando-os como “extremistas”.

Em janeiro deste ano, ele foi incluído na lista de “terroristas e extremistas” do Serviço Federal de Monitoramento Financeiro da Rússia. No dia 22 de março, foi julgado por peculato e desacato. Condenado, teve o tempo de detenção ampliado em nove anos. Recentemente, mais uma acusação foi adicionada à lista de crimes atribuídos a ele, podendo render-lhe 15 anos adicionais no cárcere.

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