Principais assistentes de Navalny entram na lista russa de ‘terroristas e extremistas’

Leonid Volkov e Ivan Zhdanov são acusados de apoiar ou dar qualquer tipo de suporte a organizações terroristas ou extremistas

Os dois mais importantes assessores do oposicionista russo Alexei Navalny foram adicionados à lista de “terroristas e extremistas” pelas autoridades da Rússia. O anúncio foi feito na última sexta-feira (14), no mais recente capítulo da perseguição empreendido pelo governo Putin a seu maior crítico. As informações são do site independente The Moscow Times.

Leonid Volkov e Ivan Zhdanov foram incluídos na relação do Serviço Federal de Monitoramento Financeiro da Rússia. Isso significa que, de alguma forma, eles tenham apoiado financeiramente ou dado qualquer outro tipo de suporte a organizações responsáveis por atos terroristas ou extremistas.

Zhdanov foi o chefe da extinta Fundação Anticorrupção (FBK) de Navalny, enquanto Volkov chefiou os escritórios regionais políticos do oposicionista, tendo supervisionado a campanha dele para prefeito de Moscou em 2013 e 2018. Mesmo exilados, eles continuam comandando as operações de Navalny.

Leonid Volkov e Ivan Zhdanov, assessores de Alexei Navalny (Foto: reprodução/Instagram)

Com a decisão, os ativistas, que desde 2019 vivem no exterior, perdem acesso ao sistema bancário russo, o que os impede de movimentar dinheiro que eventualmente tenham deixado no país. Zhdanov anunciou em sua conta no Twitter que os aplicativos de acesso a bancos russos haviam sido bloqueados em seu celular.

Também em seu perfil no Twitter, o ex-chefe da FBK classificou a decisão como absurda e projetou novos casos semelhantes daqui em diante. “Sério, tenho certeza que, em menos de um ano, novos extremistas/terroristas serão anunciados todas as sextas-feiras, como já estão sendo anunciados os ‘agentes estrangeiros’. Nós somos os pioneiros neste tipo de absurdo”.

Por que isso importa?

Navalny ganhou destaque ao organizar manifestações e concorrer a cargos públicos na Rússia. A principal plataforma do oposicionista é o combate à corrupção no governo de Vladimir Putin, em virtude da qual ele uma cobra profunda reforma na estrutura política do país.

Em agosto de 2020, durante viagem à Sibéria, Navalny foi envenenado e passou meses se recuperando em Berlim. Ele voltou a Moscou em janeiro de 2021 e foi detido ainda no aeroporto. Um mês depois, foi julgado e condenado a dois anos e meio de prisão por violar uma sentença suspensa de 2014, quando foi acusado de fraude. Promotores alegaram que ele não se apresentou regularmente à polícia em 2020, justamente quando estava em coma pela dose tóxica.

Encarcerado em uma colônia penal de alta segurança, ele chegou a fazer uma greve de fome de 23 dias em abril de 2021, para protestar contra a falta de atendimento médico. Depois, em junho, um tribunal russo proibiu os escritórios regionais de Navalny e sua Fundação Anticorrupção (FBK) de funcionarem, classificando-as como “extremistas”.

Em agosto do ano passado, a Justiça russa abriu uma nova acusação criminal contra o oposicionista, o que poder ampliar a sentença de prisão dele em três anos. Ele foi acusado de “incentivar cidadãos a cometerem atos ilegais”, por meio da Fundação Anticorrupção (FBK) que ele criou.

Já em setembro de 2021, uma terceira acusação contra, por “extremismo”, ameaça estender o encarceramento por até uma década, sendo mantido sob custódia no mínimo até o fim da próxima eleição presidencial, em 2024, quando chega ao fim o atual mandato de seis anos de Vladimir Putin no Kremlin.

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