Novas sanções da União Europeia custarão até 11 bilhões de euros a Moscou

Bloco prepara seu décimo pacote de penalidades, a fim de romper a cadeia de suprimentos que arma as tropas russas

Tendo as forças de Moscou como alvo, a União Europeia (UE) pretende aplicar sanções a sete entidades iranianas que cooperam com os militares russos. A medida integra o décimo pacote de punições do bloco contra a Rússia desde o início da guerra da Ucrânia há quase um ano. O impacto das proibições comerciais e controles de exportação de tecnologia para o país liderado por Vladimir Putin será de até 11 bilhões de euros (cerca de R$ 61,5 bilhões). As informações são do jornal Financial Times.

A resolução tem como objetivo interromper o fornecimento de drones fabricados no Irã para as tropas do Kremlin, atingindo inclusive alguns operadores econômicos iranianos ligados ao braço mais poderoso do Exército da República Islâmica, segundo detalhou na quarta-feira (15) a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

“Pela primeira vez, também estamos propondo sancionar entidades iranianas, incluindo aquelas ligadas à Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC, na sigla em inglês) por causa de seu fornecimento de drones e transferência de know-how para construir locais de produção na Rússia”, falou von der Leyen a deputados na sede do Parlamento Europeu em Estrasburgo, na França.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na Alemanha, em 2019 (Foto: WikiCommons)

Para negociar os veículos não tripulados, Moscou e Teerã precisam driblar as sanções ocidentais, que impedem países de todo o mundo de fornecer à Rússia armas e outros equipamentos de uso duplo, que possam ter função também militar.

Além de drones, as medidas da UE restringirão as exportações de componentes eletrônicos usados em mísseis e helicópteros.

Também serão adicionados à lista de produtos proibidos certos compostos de terras raras, circuitos integrados e câmeras. Ficará desautorizado, ainda, o trânsito via Rússia de bens e tecnologias de uso duplo – militar e civil – exportados pela UE. A tendência é que as propostas sejam aceitas por unanimidade pelos 27 Estados-membros.

“Com isso, baniremos todos os produtos tecnológicos encontrados no campo de batalha e garantiremos que eles não encontrem outras maneiras de chegar lá”, acrescentou a chefe da Comissão.

Meios de comunicação estatais russos e disseminadores de narrativas falsas pró-Kremlin serão igualmente atingidos pelas restrições do bloco econômico.

Há também a proposta de sancionar cerca de cem indivíduos e entidades envolvidas em deportações e adoção forçada de crianças ucranianas enviadas para a Rússia, feita pelo chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell.

A UE ainda disse que pretende forçar os bancos a divulgar informações sobre os ativos do banco central da Rússia. “Precisamos saber onde eles estão localizados e quanto valem”, disse von der Leyen.

Ativos escondidos por oligarcas sancionados também estão na mira da União Europeia, que prometeu intensificar seus esforços para rastreá-los. Além disso, o bloco pretende convencer os países não membros a aderir ao regime de sanções ocidentais.

O décimo pacote de sanções já deve passar a valer a partir da próxima semana, antes do aniversário de um ano do conflito, que ocorre na sexta-feira (24).

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