ONG pede punição a russos exibidos em vídeo atacando violentamente um prisioneiro

Imagens que viralizaram pelo aplicativo Telegram mostram um militar ucraniano sendo supostamente castrado

Após a divulgação de um vídeo em que supostamente um prisioneiro de guerra ucraniano é castrado por soldados russos, a ONG Anistia Internacional se pronunciou sobre a evidência de que ali tenha sido registrado um crime de guerra.

“Este ataque horrível é mais um exemplo aparente de completo desrespeito pela vida e dignidade humana na Ucrânia cometido pelas forças russas”, disse a diretora da Anistia para a Europa Oriental e Ásia Central.

As imagens teriam sido inicialmente postadas em uma página pró-Rússia do Telegram e viralizaram nas redes sociais. No vídeo, um homem de uniforme russo aparentemente usa uma lâmina para castrar um homem em traje militar ucraniano, que aparece amordaçado e com as mãos amarradas nas costas.

Soldado ucraniano faz guarda na cidade de Odessa (Foto: U.S. Naval Forces Europe-Africa/Flickr)

A declaração da ONG diz que todos os suspeitos de responsabilidade criminal devem ser investigados e, no caso de apresentadas provas suficientes admissíveis, “processados ​​em julgamentos justos perante tribunais civis comuns e sem recurso à pena de morte“.

Desde o início do conflito na Ucrânia, a Anistia Internacional diz que vem documentando crimes com base na lei internacional, em especial execuções sumárias de prisioneiros por forças separatistas pró-Moscou no leste do país invadido e execuções extrajudiciais de civis ucranianos pelas tropas de Vladimir Putin.

“A lei internacional é clara: os prisioneiros de guerra não devem ser submetidos a nenhuma forma de tortura ou maus-tratos e devem ter acesso imediato ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha“, acrescentou Marie.

Para a diretora, as autoridades competentes devem respeitar plenamente os direitos dos prisioneiros de guerra de acordo com as Convenções de Genebra.

Por que isso importa?

Estuprotorturarecrutamento forçadoexecuções sumárias, restrições à liberdade de movimento e estrutura civil danificada intencionalmente. Estes são alguns dos possíveis crimes de guerra que a ONU documentou na Ucrânia. Na atualização mais recente de seu balanço do conflito, o OHCHR (Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos) relatou mais de dez mil vítimas civis, entre mortos e feridos, e afirmou que as hostilidades “aparentemente não têm fim à vista”.

Um dos episódio mais pesados ocorreu em Bucha, onde corpos de dezenas de pessoas foram encontrados nas ruas da cidade ucraniana quando as tropas locais reconquistaram a área, três dias após a retirada do exército russo. As imagens dos mortos foram divulgadas pela primeira vez no dia 2 de abril, por agências de notícias, e chocaram o mundo.

As fotos mostram pessoas mortas com as mãos amarradas atrás do corpo, um indício de execução. Outros corpos aparecem parcialmente enterrados, com algumas partes à mostra. Há também muitos corpos em valas comuns. Nenhum dos mortos usava uniforme militar, sugerindo que as vítimas são civis.

A Rússia, que nega ter alvejado civis ou ter cometido crimes de guerra, também deve promover julgamentos. Um sinal já foi dado por Denis Pushilin, líder pró-Kremlin da autoproclamada República Popular de Donetsk (RPD), que disse que planeja “organizar um tribunal internacional na república” para os cerca de 2,5 mil soldados ucranianos feitos prisioneiros após se renderem enquanto defendiam a siderúrgica de Azovstal, em Mariupol

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