Os EUA se tornaram um Estado hostil à Rússia, segundo o Kremlin

Segundo porta-voz do Kremlin, Ocidente trava uma "guerra híbrida" contra Moscou

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse durante evento em que participou na Rússia,nesta terça-feira (17), que as nações do Ocidente, especialmente os Estados Unidos, estão travando uma “guerra híbrida” contra seu país, tornando-se Estados hostis. As informações são da agência estatal Tass.

Falando na conferência russa Znanie (“Conhecimento”, em tradução literal), Peskov disse que a guerra híbrida é uma realidade enfrentada pela Federação Russa. “É verdade que devemos considerá-los países pacificamente hostis, mas devo dizer que são países hostis, porque o que estão fazendo é guerra”, disse ele.

Dmitry Peskov, porta-voz do presidente Vladimir Putin (Foto: Kremlin/Divulgação)

O porta-voz do presidente Vladimir Putin continuou seu discurso citando sanções que recaíram sobre o país e pessoas ligadas ao mandatário russo após a invasão à Ucrânia.

“Nossos ativos em dólar e euro estão congelados. Para ser franco, estamos sendo roubados, eles estão tentando roubar. Mas vamos combatê-los”, disparou.

Na mesma conferência, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, falou sobre qual seria o papel da Ucrânia para os países ocidentais em meio ao conflito. Segundo ele, Kiev é “apenas o sacrifício do Ocidente na guerra combinada contra a Rússia”.

Por que isso importa?

O analista letão Jānis Bērziņš, em artigo do think tank German Marshall Fund, definiu a guerra híbrida proposta por Moscou como um conceito criado para “confundir os inimigos e criar uma falsa percepção de que a Rússia é mais capaz e mais poderosa que o Ocidente, baseado na ideia de que o principal espaço de batalha é a mente da população”. Dessa forma, o campo de batalha é ocupado por operações de informação. Sem a necessidade de disparar um tiro sequer.

O artigo define o ciberespaço como o ambiente perfeito para a realização de todo tipo de operações de informação. Ao coordenar tais ataques às vulnerabilidades críticas dos adversários, é possível vencer militar e politicamente a um custo relativamente baixo. E a internet oferece mesmo aos Estados mais fracos oportunidades nunca antes vistas. Sem levar em consideração seu tamanho, localização geográfica ou maturidade militar convencional.

As operações cibernéticas da Rússia ocorrem por meio de coleta e vazamento de informações confidenciais ou por danos causados ​​por software malicioso (malware) na infraestrutura física. E Moscou lança mão de meios militares e não militares no ciberespaço para perseguir seus objetivos estratégicos.

As agências de inteligência russas buscam soluções no setor privado para isso, terceirizando as operações. É nesse cenário que surgem cibercriminosos nacionalistas/patrióticos – alguns até trabalham de graça por razões ideológicas – ou trolls profissionais. Eles atuam em operações que incluem ataque a bancos estrangeiros, empresas multinacionais e outros sites comerciais.

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