Reino Unido sanciona familiares e suposta namorada de Vladimir Putin

Círculo íntimo do presidente russo é acusado de esconder dezenas de bilhões de dólares em seu nome

O Reino Unido anunciou nesta sexta-feira (13) sanções a 12 pessoas do círculo íntimo de Vladimir Putin. Entre familiares e outros indivíduos do convívio do presidente russo está a sua suposta namorada, a ex-ginasta Alina Kabaeva. Todos são acusados de esconder dezenas de bilhões de dólares em nome do líder russo, segundo o jornal independente The Moscow Times.

Na lista de sancionados também figuram a avó de Alina, Anna Zatseplina, ligada ao oligarca Gennady Timchenko, e a ex-mulher de Putin, Lyudmila Ocheretnaya. O governo britânico alega que as medidas, que incluem o congelamento de ativos e a proibição de entrar no país, visa a atingir o círculo íntimo de Putin, que vive cercado de luxo.

As sanções a Alina foram propostas pela União Europeia (EU), segundo revelou um documento obtido na semana passada pela agência AFP. Aos 38 anos, ela é apontada por governos do Ocidente como amante desde 2008 do mandatário russo e mãe de pelo menos três de seus filhos. Segundo o canal russo no Telegram General SVR, ela estaria grávida novamente.

A então ginasta Alina Kabaeva é condecorada com a Ordem de Mérito para a Pátria pelo presidente Vladimir Putin (Foto: WikiCommons)

“Estamos expondo e mirando a rede obscura que sustenta o estilo de vida luxuoso de Putin e apertando o vício em seu círculo íntimo”, disse a secretária de Relações Exteriores britânica, Liz Truss, em comunicado. “Continuaremos com sanções a todos aqueles que ajudam e favorecem a agressão de Putin até que a Ucrânia prevaleça”, acrescentou.

O limitado rendimento de Putin na condição de líder do Kremlin e os ativos oficialmente declarados são desmentidos por relatos que o ligam ao superiate Scheherazade, avaliado em US$ 700 milhões e supostamente de sua propriedade. Há também rumores sobre uma imensa propriedade apelidada de de “Palácio de Putin”, conforme o comunicado do Reino Unido.

A riqueza do mandatário russo “estaria escondida em uma rede de familiares, amigos de infância e membros da elite russa que foram nomeados para cargos poderosos ‘em troca de sua lealdade eterna'”, relata a reportagem.

Alina é presidente do Grupo Nacional de Mídia da Rússia. De acordo com uma autoridade britânica sob condição de anonimato, o anteriormente sancionado Banco Rossiya possui um terço do grupo e é um “canal claro” para o dinheiro de Putin.

Mais de mil cidadãos russos e cem entidades foram sancionadas pelo governo britânico desde o início da guerra na Ucrânia, incluindo oligarcas, no valor de mais de US$ 140 bilhões, entre eles Roman Abramovich, proprietário do clube de futebol Chelsea, e o industrial do setor siderúrgico Oleg Deripaska, presidente e fundador da Basic Element, uma das maiores administradoras de empresas industriais da Rússia. 

Por que isso importa?

Tanto a União Europeia (UE) quanto os EUA, que têm liderado a aplicação de sanções à Rússia, a Putin e a pessoas próximas a ele, como os oligarcas que o apoiam, entendem que a apreensão dos bens desses indivíduos deve ser convertida em confisco, sendo os valores arrecadados usados para apoiar a Ucrânia. Porém, há uma barreira jurídica que tende a tornar esse processo lento, segundo a rede Euronews.

Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, disse estar “absolutamente convencido de que é extremamente importante não apenas congelar bens, mas também permitir confiscá-los, disponibilizá-los para a reconstrução do país”. Entretanto, ele admitiu que a situação “não é tão simples”.

A mesma avaliação foi feita por Ian Bond, diretor de política externa do think tank Centro de Reforma Europeia (CER, na sigla em inglês). “Estamos em um território sem precedentes aqui”, disse ele, que fez uma ressalva: “Há algumas perspectivas de que eventualmente a Ucrânia possa extrair algum dinheiro desses ativos congelados. Mas seria muito, muito complicado, e provavelmente levaria muito tempo”.

Mais que os bens de Putin ou dos oligarcas individualmente, o que tende a entrar em disputa são os valores ligados ao Estado russo que foram apreendidos ao redor do mundo. Estima-se que US$ 300 bilhões do Banco Central da Rússia tenham sido congelados em todo o mundo. Já o Reino Unido diz ter congelado 500 bilhões de libras de bancos ou empresas russas, alguns deles parcialmente estatais.

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