Presa, líder oposicionista é internada em estado grave em Belarus

A ativista Maria Kolesnikova já estava em estado grave quando foi levada da prisão para um hospital para ser operada. Ela não teve seu diagnóstico divulgado

Maria Kolesnikova, uma das principais vozes de oposição em Belarus, deu entrada na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo), informaram apoiadores na terça-feira (29). A ativista cumpre pena de 11 anos sob a acusação de tramar a derrubada do regime autoritário do presidente Alexander Lukashenko, contra quem liderou movimentos. As informações são da agência Reuters.

Maria, de 40 anos, não teve diagnóstico divulgado e já estaria em estado grave quando foi levada da prisão para um hospital, onde passou por um cirurgia na segunda (28). A informação surgiu em nota da assessoria de imprensa do aliado Viktor Babaryko, candidato presidencial detido antes do pleito, impedido de concorrer e que também está preso. Posteriormente, ela teve de ser transferida para uma UTI.

“Maria foi internada em uma unidade de terapia intensiva em Gomel”, no sudeste de Belarus, informou o comunicado.

Maria Kolesnikova está presa desde setembro de 2021 (Foto: GomelTube/Wikimedia Commons)

De acordo com os médicos, embora a paciente ainda esteja em estado grave, a cirurgia foi bem-sucedida e ela está consciente.

Maria foi condenada após ter sido apontada como uma das principais figuras nos protestos pacíficos contra o governo belarusso após a eleição do líder local para seu sexto mandato, em agosto de 2020. A oposição e pela comunidade internacional alegam que o pleito foi repleto de irregularidades.

Além dela, também foi condenado o advogado Maxime Znak, que recebeu uma sentença de dez anos de prisão. Os dois oposicionistas trabalharam para Babaryko, condenado em julho a 14 anos de prisão, acusado de fraude.

Por que isso importa?

Belarus testemunha uma crise de direitos humanos sem precedentes, com fortes indícios de desaparecimentos, tortura e maus-tratos como forma de intimidação e assédio contra seus cidadãos. Dezenas de milhares de opositores ao regime de Lukashenko, no poder desde 1994, foram presos ou forçados ao exílio desde as controversas eleições no ano passado.

O presidente, chamado de “último ditador da Europa”, parece não se incomodar com a imagem autoritária, mesmo em meio a protestos populares e desconfiança crescente após a reeleição de 2020, marcada por fortes indícios de fraude. A porta-voz do presidente, Natalya Eismont, chegou a afirmar em 2019, na televisão estatal, que a “ditadura é a marca” do governo de Belarus.

Desde que os protestos começaram, após o controverso pleito, as autoridades do país têm sufocado ONGs e a mídia independente, parte de uma repressão brutal contra cidadãos que contestam os resultados oficiais da votação. Ativistas de direitos humanos dizem que centenas de pessoas são atualmente prisioneiros políticos no país.

O desgaste com o atual governo, que já se prolonga há anos, acentuou-se em 2020 devido à forma como ele lidou com a pandemia, que chegou a chamar de “psicose”. Em determinado momento, o presidente recomendou “vodka e sauna” para tratar a doença.

A violenta repressão imposta por Lukashenko levou muitos oposicionistas a deixarem o país. Aqueles que não fugiram são perseguidos pelas autoridades e invariavelmente presos. É o caso de Sergei Tikhanovsky, que cumpre uma pena de 18 anos de prisão sob acusações que consideradas politicamente motivadas. Ele é marido de Sviatlana Tsikhanouskaia, candidata derrotada na eleição presidencial e hoje exilada.

O distanciamento entre o país e o Ocidente aumentou com a guerra na Ucrânia, vez que Belarus é aliado da Rússia e permitiu que tropas de Moscou usassem o território belarusso para realizar a invasão.

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