Presidente da Ucrânia promete recuperar a península da Crimeia, anexada pela Rússia

Volodymyr Zelensky diz que usará todos os "meios políticos, legais e, acima de tudo, diplomáticos" para atingir seu objetivo

O presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky prometeu, em discurso realizado na segunda-feira (23), que fará todo esforço possível para recolocar a península da Crimeia sob controle ucraniano, informou a agência qatari Al Jazeera. A região foi anexada pela Rússia em 2014.

Zelensky falou durante uma cúpula realizada em Kiev, para tratar justamente da questão da Crimeia. Ele pediu suporte da comunidade internacional e disse que usará todos os “meios políticos, legais e, acima de tudo, diplomáticos” para atingir seu objetivo.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em sua posse, maio de 2019 (Foto: Divulgação/Presidência Ucrânia/Mykola Lazarenko)

“Farei pessoalmente todo o possível para devolver a Crimeia à Ucrânia, para que se torne parte da Europa”, disse Zelensky, que cobrou “apoio efetivo em nível internacional” para solucionar a questão.

A cúpula contou com a participação de 46 nações. Entre elas, os Estados Unidos e todos os membros da Otan (Organização do tratado do Atlântico Norte), a União Europeia (UE) e a Turquia.

“A Ucrânia nunca estará sozinha no fato de que a Crimeia é a Ucrânia”, disse o presidente do Conselho da UE Charles Michel. “Infelizmente, a Rússia continua agindo de forma a multiplicar o impacto negativo da anexação. A militarização contínua da península afeta fortemente a situação de segurança na região do Mar Negro”.

Segundo Zelensky, Moscou enxerga a Crimeia como sua base militar e “ponto de apoio para aumentar sua influência na região do Mar Negro”. Ele ainda acusou a Rússia de triplicar sua presença militar na península.

O Kremlin contestou a realização do evento, que classificou como “anti-Rússia”.

Por que isso importa?

As tensões na Crimeia explodiram depois que o então presidente da Ucrânia Viktor Yanukovych, no final de 2013, se recusou a assinar um acordo que estreitaria as relações do país com a UE. A decisão, explicada pela forte influência da Rússia sobre o presidente, levou a protestos em massa, que culminaram com a fuga de Yanukovych para Moscou em fevereiro de 2014.

A tensão se intensificou na região após a fuga do presidente, e grupos pró-Rússia aproveitaram o vazio no governo nacional para assumir o comando da península e declarar sua independência. Então, em março de 2014, as autoridades locais realizaram um referendo sobre a “reunificação” da Crimeia com a Rússia. A aprovação foi superior a 90%.

Após o referendo, considerado ilegal pela ONU (Organização das Nações Unidas), a Crimeia passou a se considerar território da Rússia. Entre outros, adotou o rublo russo como moeda e mudou o código dos telefones para o da Rússia.

Apenas nove países tratam a Crimeia como parte da Rússia: Zimbábue, Venezuela, Síria, Nicarágua, Sudão, Belarus, Armênia, Coreia do Norte e Bolívia. Para a comunidade internacional, trata-se de um território ucraniano sob ocupação russa.

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