Prigozhin promete matar combatente que trocou Wagner Group por facção pró-Kiev

Vladislav Izmailov foi feito prisioneiro por um grupo russo que luta contra seu próprio país e agora não quer voltar para o lado de Moscou

O empresário russo Evgeny Prigozhin, chefe do Wagner Group, usou sua conta no Telegram para fazer mais um discurso inflamado nesta segunda-feira (12). Desta vez, não se dirigiu ao presidente Vladimir Putin nem a outros membros do governo da Rússia, como se tornou habitual. O alvo foi um indivíduo que combateu ao lado da organização paramilitar privada, foi preso pelo inimigo e resolveu mudar de lado. As informações são da revista Newsweek.

Em áudio divulgado por seu serviço de imprensa no aplicativo russo de mensagens, Prigozhin prometeu matar Vladislav Izmailov, a quem chamou de “traidor”. O homem foi à guerra da Ucrânia com o Wagner Group e acabou sendo feito prisioneiro pelo Corpo de Voluntários Russos (RVC, da sigla em inglês), um grupo armado pró-Kiev formado por russos insatisfeitos com o rumo do conflito.

Evgeny Prigozhin (à esquerda): traidor ameaçado de morte (Foto: vk.com/altaywagner)

No domingo (11), Wagner e RVC realizaram uma troca de prisioneiros, e Izmailov estava na lista. Porém, o homem disse aos rebeldes que não queria ser entregue aos mercenários russos e gravou um vídeo no qual alega que mudou de lado. A partir de agora, vai combater as forças russas que antes defendia.

O homem havia se juntado ao Wagner Group no programa estatal que concedeu perdão presidencial a criminosos que aceitassem trocar a pena nas prisões russas por seis meses de serviço militar na Ucrânia. “De fato, Vladislav Izmailov chegou ao Wagner da colônia penal de Samara e foi feito prisioneiro em novembro”, disse Prigozhin.

Entretanto, a ameaça de matar o “traidor” feita pelo empresário não fez menção a uma eventual execução extrajudicial, denúncia que tem pesado contra o Wagner Group durante a guerra. “Tenho certeza de que ele será punido de acordo com todas as tradições do Wagner. Espero que o encontremos e o matemos em uma luta justa”, afirmou Prigozhin.

O vídeo protagonizado por Izmailov começa com uma fala de Denis Kapustin, que comanda o RVC. Ele diz a um grupo de russos capturados que eles têm três opções na troca de prisioneiros: voltar para o lado russo, permanecer na Ucrânia ou lutar pelos rebeldes pró-Kiev.

“Pessoal, meu nome é Denis. Sou de Moscou. Sou russo. Ainda sou cidadão da Federação Russa. E o principal é que sou o comandante do Corpo de Voluntários Russos. Esta é uma unidade de russos, de cidadãos da Rússia, que desde o início da guerra lutam pela Ucrânia. E lutam com bastante sucesso”, diz Kapustin nas imagens.

O comandante, então, apresenta as alternativas aos presos e pergunta se algum deles quer lutar pelo RVC a partir dali. Izmailov levanta a mão e se apresenta, dizendo que nasceu na cidade russa de Samara em 1996. E reforça seu desejo de permanecer com os rebeldes: “Vou deixar passar essa oportunidade de fazer parte da troca de prisioneiros”.

Vladislov já havia se posicionado contra o Wagner em dezembro de 2022. Na ocasião, segundo a mesma Newsweek, ele admitiu ter presenciado dois soldados de sua unidade serem sendo sumariamente executados pelos mercenários após hesitarem diante do inimigo durante uma batalha.

Naquela oportunidade, o jornal independente The Moscow Times disse que pelo menos 40 prisioneiros russos recrutados pelo Wagner Group haviam sido executados pelos mercenários. O número foi revelado por Olga Romanova, chefe da organização Russia Behind Bars, que tem sede em Moscou e luta pelos direitos dos prisioneiros na Rússia.

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