Putin sugere que avião de líder do Wagner Group foi derrubado por explosão de granada

Líder russo diz que fragmentos do explosivo foram descobertos nos corpos das vítimas do acidente aéreo que matou Evgeny Prigozhin

Na quinta-feira (5), durante uma reunião do Clube de Discussão Valdai, o principal think tank russo, o presidente Vladimir Putin sugeriu que a queda de avião que resultou na morte do líder do Wagner Group, Evgeny Prigozhin, possivelmente ocorreu devido à explosão de granadas de mão dentro da aeronave. As informações são da agência Al Jazeera.

Putin baseou sua afirmação na informação do chefe do comitê de investigação da Rússia, que relatou a descoberta de vestígios de explosivos nos corpos das vítimas do acidente em agosto. A declaração do presidente russo toma um caminho diferente dos rumores de que o avião teria sido atingido por um míssil.

Em coletiva de imprensa após o evento, Putin afirmou que, de acordo com a análise da comissão investigativa, não houve fatores externos que causaram a queda do avião. Além disso, ele sugeriu que, embora não houvesse evidências de álcool ou drogas a bordo da aeronave no momento do acidente, testes deveriam ser conduzidos nos corpos das vítimas para determinar se estavam sob influência dessas substâncias.

Jato executivo Legacy 600, da Embraer, que levava o empresário Evgney Prigozhin (Foto: WikiCommons)

Em sua última avaliação da situação na guerra na Ucrânia, o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, da sigla em inglês), um centro de pesquisas com sede nos Estados Unidos, definiu a explicação de Putin para a morte de Prigozhin como “bizarra”.

“A explicação bizarra de Putin sobre a queda do avião é provavelmente uma tentativa de culpar Prigozhin pela sua própria morte e a dos seus camaradas e desonrá-lo ainda mais entre os seus restantes apoiadores”, disse a entidade.

Após a morte de Prigozhin, Putin permaneceu em silêncio nos dias seguintes, e a ISW apontou previamente que a culpa era “quase certamente” do Kremlin. Canais de Telegram associados à organização paramilitar também alegaram que o avião foi atingido pelas defesas antiaéreas russas.

Após a morte de seu líder, há relatos de que o filho de Prigozhin, Pavel, assumiu o comando da unidade de elite e que ela está programada para retornar à linha de frente no meio da atual contraofensiva da Ucrânia.

No fim do mês passado, um porta-voz do exército ucraniano disse que cerca de 500 mercenários do Wagner Group, que estiveram ao lado das tropas russas na Ucrânia e depois fugiram para Belarus após um motim malsucedido em junho, retornaram à linha de frente para combater novamente as forças de Kiev.

O acidente

O jato executivo Legacy 600, da Embraer, estava a caminho de São Petersburgo quando sofreu um acidente ao norte de Moscou no dia 23 de agosto, resultando na morte de todas as dez pessoas a bordo.

Além do temido e beligerante líder mercenário por trás de um levante mal-sucedido contra o Kremlin, esse grupo incluía o número dois do Wagner Group, Dmitriy “Wagner” Utkin, além de guarda-costas de Prigozhin e da tripulação.

O posicionamento crítico de Prigozhin o afastou totalmente do presidente russo, de quem antes era um importante aliado. No início da parceria, o empresário chegou a ganhar o apelido de “chef de Putin”, pelos contratos de fornecimento de alimentação ao governo russo que o enriqueceram.

O motim do Wagner Group, em junho, marcou a ruptura definitiva entre os antigos parceiros. Entre 23 e 24 de junho, os mercenários avançaram Rússia adentro rumo a Moscou, na maior ameaça ao poder do presidente desde que ele assumiu o poder há mais de 20 anos.

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