Rebelião sendo gestada na Rússia lembra o fim da União Soviética, diz autoridade ucraniana

"A Rússia será forçada a se fragmentar, e isso certamente acontecerá durante a nossa vida", afirmou Oleksiy Danilov

Uma rebelião está silenciosamente se formando na Rússia, movimento semelhante ao que levou à queda da União Soviética (URSS) em 1991. Quem diz isso é Oleksiy Danilov, secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia, que fez tal avaliação em entrevista ao site UkrInform.

Danilov comparou o levante em formação ao princípio de motim de junho, quando os mercenários do Wagner Group, sob a liderança do empresário Evgeny Prigozhin, marcharam rumo a Moscou, no episódio mais evidente de ameaça ao poder do presidente Vladimir Putin em seus mais de 20 anos de governo.

Oleksiy Danilov, secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia (Foto: president.gov.ua)

Embora a marcha tenha se encerrado com vitória do líder russo, inclusive com a morte de Prigozhin em uma misteriosa tragédia aérea em 23 de agosto, a autoridade ucraniana diz acreditar que um processo maior e mais efetivo está sendo gestado discretamente.

“Acho que não será mais uma marcha. Lembremos como ocorreu o colapso da URSS em agosto de 1991. Isso está lá fermentando, como o ‘grupo GKChP’ em 1991, está amadurecendo e se reunindo lá. Isso é um fato conhecido. E entendemos quem controla isso, como isso acontece”, disse Danilov.

O Comitê Estadual sobre o Estado de Emergência (GKChP, na sigla em russo) foi um grupo composto por oito figuras da cúpula do poder na URSS, entre integrantes do Partido Comunista e da KGB, a polícia secreta. Em 19 agosto de 1991, eles tentaram um golpe contra o então presidente Mikhail Gorbachev, mas falharam. Porém, apenas três dias depois ocorreu o colapso do Estado soviético.

“A questão de quando acontecerá a próxima rebelião na Rússia é uma questão de curto período de tempo. Vamos ver a que horas acontecerá, mas os processos estão em andamento”, afirmou Danilov.

O ucraniano citou um recente fator crucial para este processo: a especulação em torno da saúde do líder checeno Ramzan Kadyrov. Nos últimos dias, passaram a circular boatos de que ele está seriamente doente, provavelmente vítima de problemas renais. Há quem diga, inclusive, que ele morreu.

Como o líder checheno administra uma região que movimenta bilhões de dólares em recursos e o Kremlin não tem um substituto para apontar, a condição de saúde de Kadyrov estaria sendo omitida tanto pelo Kremlin quanto por autoridades chechenas.

Sem se aprofundar no raciocínio, Danilov disse que a situação de Kadyrov “é um fator que também afetará esse processo”, referindo-se à rebelião que se forma na Rússia.

“A Rússia será forçada a se fragmentar, e isso certamente acontecerá durante a nossa vida”, disse o secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa. “E nenhuma força poderá detê-lo, porque é um processo histórico.”

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