O Reino Unido oficializou a sua solicitação de entrada ao CPTPP (Acordo Abrangente Progressivo para a Parceria Transpacífica, em inglês) nesta segunda-feira (1). A secretária de Comércio, Liz Truss, confirmou o início do processo.
O pedido oficial ocorreu em uma reunião entre Truss e os ministros do Japão e da Nova Zelândia. A expectativa é que as negociações formais comecem ainda neste ano, apurou o jornal britânico “Financial Times”.
No domingo, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, afirmou que a adesão demonstra a ambição de Londres em fazer negócios com todo o mundo. “[Queremos] ser um patrocinadores e entusiastas do comércio livre global”, disse.
O CPTPP reúne 11 economias, como México, Malásia e Vietnã, que têm apresentado rápido crescimento, e as já consolidadas Austrália, Nova Zelândia, Japão e Canadá.
Londres espera impulsionar seu comércio com o exterior, estimado em US$ 152 bilhões em 2020 – o equivalente a R$ 826,7 bilhões. O setor cresceu 8% ao ano desde que o Reino Unido optou pela saída da UE (União Europeia), em 2016.
Segundo Truss, a inclusão na Parceria Transpacífica deve liberalizar o comércio digital, eliminar tarifas sobre produtos como uísque e automóveis e facilitar procedimentos de visto para negócios e turismo.
Outro benefício seria a possível “complementação” aos acordos de livre comércio já em vigor entre o Reino Unido e países como o Japão, Canadá, México, Chile e Vietnã.
Aproximação com EUA
Especialistas apontaram ao FT que a inscrição do Reino Unido ao CPTPP visa sobretudo alinhar laços com os EUA. Johnson espera que o presidente dos EUA, Joe Biden, também se junte ao grupo.
No entanto, analistas alegaram que o acordo comercial deve trazer poucos benefícios econômicos ao Reino Unido – e não há nenhuma perspectiva de que Biden terá pressa para integrar o bloco.
“O presidente Biden já repetiu que a CPTPP precisaria ser renegociada”, disse um funcionário de Washington. “No momento, o governo está focado no investimento doméstico e no crescimento econômico para apoiar a classe média norte-americana”.
O co-fundador do UK Trade Forum, David Hening, afirmou que não há nenhuma garantia da entrada do Reino Unido no acordo – nem em benefícios econômicos, nem na aprovação de ingresso ao grupo. “Ainda assim, em termos de política comercial, há mérito na Grã-Bretanha por se unir a um grupo de países com ideias semelhantes”, pontuou.