Após a invasão à Ucrânia, bilionários russos entraram na mira do Reino Unido, que anunciou na quinta-feira (10) a inclusão de sete deles em uma lista de sanções. Entre os nomes mais conhecidos estão Roman Abramovich, proprietário do clube de futebol Chelsea, e o industrial do setor siderúrgico Oleg Deripaska, presidente e fundador da Basic Element, uma das maiores administradoras de empresas industriais da Rússia. As informações são da rede Radio Free Europe.
Em comunicado, o governo britânico disse que completam o ingrato rol da elite russa o CEO da Rosneft, Igor Sechin, o presidente do VTB Bank, Andrei Kostin, o chefe da Gazprom, Aleksei Miller, o proprietário de uma empresa de oleodutos, Nikolai Tokarev, e o presidente do Bank Rossia, Dmitry Lebedev.
No dia 7 de março, Deripaska conclamou a paz “o mais rápido possível”, acrescentando que “o mundo inteiro será diferente após esses eventos e a Rússia será diferente”. Já Abramovich, que adquiriu em 2003 o atual campeão mundial pela Fifa, colocou o clube à venda no início deste mês e prometeu doar o lucro da venda para ajudar as vítimas da guerra. O processo de venda do clube foi interrompido, bem como a venda de ingressos para os jogos.
As penalidades aos oligarcas vêm como consequência da ofensiva do exército russo em território ucraniano. Como medidas punitivas, os sancionados terão bens congelados no Reino Unido e ficarão proibidos de entrar no país e realizar transações com cidadãos e empresas britânicas.
“As sanções de hoje são o último passo no apoio inabalável ao povo ucraniano. Seremos implacáveis na perseguição àqueles que permitem a morte de civis, a destruição de hospitais e a ocupação ilegal de aliados soberanos”, justificou o primeiro-ministro britânico Boris Johnson.
Desde o início do conflito, em 24 de fevereiro, pesadas sanções recaíram sobre Moscou. Entre elas, a União Europeia (UE) cortou sete bancos russos do Swift, um sistema de pagamentos baseado na Bélgica que movimenta dinheiro entre milhares de bancos em todo o mundo. Funcionários e bilionários russos próximos ao presidente russo Vladimir Putin também caíram nas garras de medidas definidas como “incapacitantes”.
Por que isso importa?
A escalada de tensão entre Rússia e Ucrânia, que culminou com a efetiva invasão russa ao país vizinho no dia 24 de fevereiro, remete à anexação da Crimeia pelos russos, em 2014, e à guerra em Donbass, que começou naquele mesmo ano e se estende até hoje.
O conflito armado no leste da Ucrânia opõe o governo central às forças separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, que formam a região de Donbass e foram oficialmente reconhecidas como territórios independentes por Moscou. Foi o suporte aos separatistas que Putin usou como argumento para justificar a invasão, classificada por ele como uma “operação militar especial”.
“Tomei a decisão de uma operação militar especial”, disse Putin pouco depois das 6h de Moscou (0h de Brasília) de 24 de fevereiro, de acordo com o site independente The Moscow Times. Cerca de 30 minutos depois, as primeira explosões foram ouvidas em Kiev, capital ucraniana, e logo em seguida em Mariupol, no leste do país, segundo a agência AFP.
Desde o início da ofensiva, as forças da Rússia caminham para tentar dominar Kiev, que tem sido alvo de constantes bombardeios. O governo da Ucrânia e as nações ocidentais acusam Moscou de atacar inclusive alvos civis, como hospitais e escolas, o que pode ser caracterizado como crime de guerra ou contra a humanidade.
Fora do campo de batalha, o cenário é desfavorável à Rússia, que tem sido alvo de todo tipo de sanções. Além das esperadas punições financeiras impostas pelas principais potencias globais, que já começaram a sufocar a economia russa, o país tem se tornado um pária global. Representantes russos têm sido proibidos de participar de grandes eventos em setores como esporte, cinema e música.
De acordo com o presidente dos EUA, Joe Biden, as punições tendem a aumentar o isolamento da Rússia no mundo. “Ele não tem ideia do que está por vir”, disse o líder norte-americano, referindo-se ao presidente russo Vladimir Putin. “Putin está agora mais isolado do mundo do que jamais esteve”.