Rússia prende mais duas pessoas ligadas a Navalny sob a acusação de extremismo

Ex-chefes de escritórios eleitorais do opositor haviam se recusado a deixar o país e agora correm o risco de pegar longas penas de prisão

Mais duas pessoas ligadas ao oposicionista russo Alexei Navalny foram presas na Rússia nesta terça-feira (28). Pesa contra Kseniya Fadeyeva e Zakhar Sarapulov a acusação de extremismo, que pode render longas penas de prisão, de acordo com a agência Reuters.

Fadeyeva era a chefe do escritório eleitoral de Navalny na cidade siberiana de Tomsk, enquanto Sarapulov exercia o mesmo cargo em Irkutsk, também na Sibéria. Segundo Leonid Volkov, que é próximo do oposicionista, ambos haviam se recusado a deixar a Rússia, como fizeram muitos colegas a fim de evitar a prisão.

Vadim Ostanin, Vadim Butakov e Andrei Gorodetsky foram detidos na mesma ação e liberados a seguir, enquanto a dupla segue em poder das autoridades.

Rússia prende mais dois aliados de Alexei Navalny sob a acusação de extremismo
O líder da oposição Alexei Navalny, em manifestação contrária ao Kremlin, em Moscou, outubro de 2013 (Foto: Divulgação/Vladimir Varfolomeev)

No início de dezembro, um tribunal do distrito de Simonovsky havia alterado a sentença imposta a Lyubov Sobol, umas das mais importantes aliadas de Navalny. A pena de um ano com sentença suspensa, que estava em vigor, foi convertida em pena de prisão efetiva, segundo o advogado Vladimir Voronin.

Em agosto, Sobol foi condenada a um ano e meio de prisão domiciliar sob a acusação de incitar pessoas a violarem os protocolos contra a Covid-19. A infração, que as autoridades classificam como “caso sanitário”, teria sido cometida nos protestos em massa de janeiro que pediam a libertação de Navalny. Pouco depois de sentenciada, ela deixou o país, sem revelar onde vive atualmente.

O advogado Ivan Pavlov, defensor de Navalny, é outro que deixou a Rússia em meio às acusações que sofre do governo e vive atualmente na Geórgia. Já Kira Yarmysh, porta-voz do político, fugiu para a Finlândia. 

Por que isso importa?

Navalny ganhou destaque ao organizar manifestações e concorrer a cargos públicos na Rússia. A principal plataforma do oposicionista é o combate à corrupção no governo de Vladimir Putin, em virtude da qual ele uma cobra profunda reforma na estrutura política do país.

Em agosto de 2020, durante viagem à Sibéria, Navalny foi envenenado e passou meses se recuperando em Berlim. Voltou a Moscou em janeiro de 2021 e foi detido ainda no aeroporto. Em fevereiro, foi julgado e condenado a dois anos e meio de prisão por violar uma sentença suspensa de 2014, quando foi acusado de fraude. Promotores alegaram que ele não se apresentou regularmente à polícia em 2020, justamente quando estava em coma pela dose tóxica.

Encarcerado em uma colônia penal de alta segurança, ele chegou a fazer uma greve de fome de 23 dias em abril, para protestar contra a falta de atendimento médico. Em junho de 2021, um tribunal russo proibiu os escritórios regionais de Navalny e sua Fundação Anticorrupção (FBK) de funcionarem, classificando-as como “extremistas”.

Em agosto, a Justiça russa abriu uma nova acusação criminal contra o oposicionista, o que poder ampliar a sentença de prisão dele em três anos. Ele foi acusado de “incentivar cidadãos a cometerem atos ilegais”, por meio da Fundação Anticorrupção (FBK) que ele criou. Mais recentemente, em setembro, uma terceira acusação contra, por “extremismo”, ameaça estender o encarceramento por até uma década.

Caso seja condenado em alguma das novas acusações, Navalny será mantido sob custódia no mínimo até o fim da próxima eleição presidencial, em 2024, quando chega ao fim o atual mandato de seis anos de Vladimir Putin no Kremlin.

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