‘Duas cidades na região do Daguestão, no sudoeste da Rússia, foram palcos de ataques contra sinagogas e igrejas ortodoxas no domingo (23). Até a manhã desta segunda-feira (24), nenhuma organização havia reivindicado a autoria das ações, que o governo russo classifica como “terrorismo” e “extremismo” e sugeriu ter um fundo religioso.
De acordo com a agência estatal russa Tass, “cinco indivíduos envolvidos no ato criminoso foram eliminados”. Os alvos deles teriam sido duas igrejas ortodoxas, duas sinagogas e um posto da polícia de trânsito, com ao menos 20 pessoas mortas. As vítimas, ainda de acordo com o veículo de mídia, são 15 policiais, quatro civis e um padre ortodoxo.

Valentina Matviyenko, presidente do Conselho da Federação, a câmara alta do parlamento russo, sugeriu que o ataque tem motivação religiosa. Em seu perfil no aplicativo de mensagens Telegram, ela pediu à população que evite “o caminho da escalada da tensão e da hostilidade interétnica e inter-religiosa” e afirmou que o país atualmente está lidando com o “terrorismo internacional”.
A legisladora, membro do partido governista Rússia Unida, acrescentou: “É claro que podemos ter a certeza de que as agências de aplicação da lei e o CNA (Comitê Nacional Antiterrorista) eliminarão as células extremistas no mais curto espaço de tempo possível.” Concluiu dizendo que as autoridades já atuam para definir as fontes estrangeiras de recursos que financiaram os agressores.
A Tass seguiu pelo mesmo caminho, afirmando que um “grupo de terroristas” foi responsável pela violência, embora sem citar a questão religiosa. “As autoridades continuarão a expor células militantes adormecidas que também se prepararam no exterior”, teria dito Sergey Melikov, o chefe da República do Daguestão citado pela agência de notícias.
O ataque de domingo inevitavelmente remete à ação de 22 de março reivindicada pelo Estado Islâmico-Khorasan (EI-K) na casa de espetáculos Crocus City Hall, em Moscou, que deixou 144 pessoas mortas. Na oportunidade, o governo russo chegou a sugerir o envolvimento da Ucrânia, mas posteriormente admitiu se tratar de um ataque terrorista de extremistas islâmicos.
O pedido de Matviyenko contra a violência interétnica e inter-religiosa também guarda relações com aquele ataque, após o qual teve início uma onda de violência e perseguição contra migrantes, sobretudo de países da Ásia Central.
O ataque em Moscou foi perpetrado por quatro cidadãos do Tadjiquistão, que entraram no Crocus City Hall com rifles automáticos e dispararam a esmo. Dias depois, o próprio governo tadjique disse ter prendido nove indivíduos supostamente ligados à célula que agiu na capital russa.