Suposto áudio revela que soldados russos comem cães e cometem estupros

Grampo telefônico flagrou ligação de soldado russo para familiares, relatando má alimentação e violência sexual contra jovens

Soldados russos estariam cometendo estupros e se alimentando de cães em vez de comer a ração fornecida pelo exército, relatou o Serviço Secreto da Ucrânia (SBU, da sigla em inglês) na quarta-feira (30). A denúncia se baseia em um grampo telefônico que interceptou uma chamada de 45 segundos de um militar para sua família, que revelou violência sexual e que os militares estariam “ficando doentes” com a ingestão diária de refeições prontas. As informações são do jornal britânico Daily Mail.

O SBU postou a escuta em sua conta oficial no Twitter. Nela, o suposto soldado, durante conversa com familiares, é questionado se “estaria se alimentando bem”. Ele responde: “Não, muito mal. Ontem tivemos ‘Alabai’ [uma raça de cão pastor comum na Ásia Central]. Queríamos um pouco de carne”.

Alabai é uma raça de cães de guarda do tipo molosso, originária de países da Ásia central, como o Turcomenistão (Foto: Pixabay/Divulgação)

O homem do outro lado da linha, aparentemente estupefato com o relato, pergunta: “você está comendo cachorros ou o quê?”. O soldado responde com naturalidade: “Nós temos. Queríamos um pouco de carne. Estamos cansados de ração”.

Em seguida, o militar conta a uma mulher que parece mais velha, supostamente sua mãe, o que teria sido o estupro de uma jovem de 16 anos, cometida por “nossos caras”. Ela questiona: “quem fez isso?”. O soldado responde que os agressores seriam de “três tanques” de sua unidade.

Não está claro onde na Ucrânia o soldado russo interceptado está baseado, nem quando o telefonema ocorreu.

A postagem repercutiu em inúmeros comentários de repúdio. Muitos deles de cidadãos ucranianos, dizendo que os cães poderiam um dia se vingar “mastigando os cadáveres dos soldados russos”. Por ironia do destino, tweets publicados recentemente mostram registros da situação inversa: cachorros foram flagrados revirando militares mortos.

“Sujeira! Eles vão queimar no inferno”, tuitou um usuário.

Animais resgatados

Enquanto isso, ucranianos somam esforços para resgatar animais de estimação vulneráveis ​​do país devastado pelos bombardeios russos. Quem tem auxiliado nessas ações é o veterano do exército britânico Tom, de 34 anos, que até agora ajudou a salvar quase 700 gatos desde o início da invasão, no dia 24 de fevereiro.

O militar, que pediu para não ter seu sobrenome revelado por questões de segurança, comparou seu trabalho voluntário a algumas operações que viveu na época em que foi combatente.

“Não são apenas os animais de abrigo que precisam de nossa ajuda. Você tem resgates, você tem criadores, você tem pessoas que acolheram animais de rua e abandonados. Deve haver pelo menos mil locais com mais de 30 cães”, conta.

O gato “Kesha”, vestido com roupas especiais feitas pelo grupo de resgate de animais (Foto: Telegram/Reprodução)

Crimes de guerra

Acusações de crimes de guerra por tropas russas têm ocorrido diariamente desde o início da guerra. Na semana passada, o secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, acusou formalmente Putin de crimes de guerra com base em “fontes públicas e de inteligência”. O presidente Joe Biden já havia chamado o o chefe do Kremlin de “criminoso de guerra” no começo de março.

Uma petição para julgar Putin ao estilo de Nuremberg – que analisou os crimes cometidos durante a Segunda Guerra Mundial – no Tribunal Penal Internacional já soma quase 1,5 milhão de assinaturas ao redor do mundo. Entre as ​​supostas violações estão o bombardeio do teatro em Mariupol, onde centenas de refugiados estavam se abrigando.

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, disse este mês: “As Forças Armadas Russas cometeram e continuam a cometer vários crimes de guerra contra a população civil, bem como crimes contra a humanidade.

Rússia convoca 134 mil recrutas

O presidente Vladimir Putin assinou nesta quinta-feira (31) um decreto ordenando 134.500 novos recrutas para o Exército. O ato é parte da convocação anual da Rússia para a primavera, mas o Ministério da Defesa alega que a convocação não tem relação ao conflito em solo ucraniano, segundo a agência Reuters.

A ordem veio cinco semanas após a incursão em larga escala das tropas do Kremlin ao país vizinho, que têm enfrentado dificuldades diante da forte resistência ucraniana. O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, disse na terça-feira (29) que nenhum dos convocados será enviado zonas de conflito.

“A maioria dos militares passará por treinamento profissional em centros de treinamento por três a cinco meses. Deixe-me enfatizar que os recrutas não serão enviados para nenhum ponto quente”, garantiu ele.

No entanto, Mikhail Benyash, advogado que representa vários membros da Guarda Nacional da Rússia, que recusou uma ordem para ir à Ucrânia, disse que, sob a lei russa, os recrutas podem ser enviados para lutar após vários meses de treinamento.

Por que isso importa?

A escalada de tensão entre Rússia e Ucrânia, que culminou com a efetiva invasão russa ao país vizinho no dia 24 de fevereiro, remete à anexação da Crimeia pelos russos, em 2014, e à guerra em Donbass, que começou naquele mesmo ano e se estende até hoje.

O conflito armado no leste da Ucrânia opõe o governo central às forças separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, que formam a região de Donbass e foram oficialmente reconhecidas como territórios independentes por Moscou. Foi o suporte aos separatistas que Putin usou como argumento para justificar a invasão, classificada por ele como uma “operação militar especial”.

“Tomei a decisão de uma operação militar especial”, disse Putin pouco depois das 6h de Moscou (0h de Brasília) de 24 de fevereiro, de acordo com o site independente The Moscow Times. Cerca de 30 minutos depois, as primeira explosões foram ouvidas em Kiev, capital ucraniana, e logo em seguida em Mariupol, no leste do país, segundo a agência AFP.

Desde o início da ofensiva, as forças da Rússia caminham para tentar dominar Kiev, que tem sido alvo de constantes bombardeios. O governo da Ucrânia e as nações ocidentais acusam Moscou de atacar inclusive alvos civis, como hospitais e escolas, o que pode ser caracterizado como crime de guerra ou contra a humanidade.

Fora do campo de batalha, o cenário é desfavorável à Rússia, que tem sido alvo de todo tipo de sanções. Além das esperadas punições financeiras impostas pelas principais potencias globais, que já começaram a sufocar a economia russa, o país tem se tornado um pária global. Representantes russos têm sido proibidos de participar de grandes eventos em setores como esportecinema e música.

De acordo com o presidente dos EUA, Joe Biden, as punições tendem a aumentar o isolamento da Rússia no mundo. “Ele não tem ideia do que está por vir”, disse o líder norte-americano, referindo-se ao presidente russo Vladimir Putin. “Putin está agora mais isolado do mundo do que jamais esteve”.


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