Tribunal de Moscou confirma sentença e amplia detenção de Navalny para mais de 30 anos

A justiça russa manteve a sentença imposta o líder da oposição russa, condenado por acusações de extremismo em agosto

Na terça-feira (26), um tribunal de Moscou confirmou a sentença de 19 anos de prisão imposta ao crítico do Kremlin Alexei Navalny, líder da oposição russa condenado por “extremismo”. As informações são da agência Reuters.

As acusações, apresentadas em abril de 2022 e julgadas em agosto deste ano, incluem os crimes de promover o terrorismo, apelar publicamente ao extremismo, financiar atividades extremistas e reabilitar o nazismo. Estariam ligadas a vídeos publicados pela equipe dele no YouTube.

Esta é a quinta condenação criminal de Navalny e a terceira pena de prisão, que eleva o total de tempo que ficará encarcerado para além dos 30 anos. Ele, que já cumpria uma pena de 11 anos e meio, será agora transferido para uma colônia penal de “regime especial”, grau mais severo de detenção na Rússia.

Alexei Navalny, oposicionista do presidente Vladimir Putin (Foto: reprodução/Instagram)

A audiência de apelação ocorreu a portas fechadas devido à preocupação do Ministério de Assuntos Internos da Rússia de que os apoiadores do político poderiam fazer “provocações”, segundo a agência estatal Tass. O réu participou por videoconferência.

Após a decisão, que negou o recurso da defesa, a equipe de Navalny classificou a sentença como “vergonhosa” e reafirmou seu compromisso de continuar a lutar contra o atual regime, segundo a Associated Press (AP).

Pouco antes da confirmação da sentença, a equipe de Navalny usou a plataforma X, antigo Twitter, para compartilhar informações dele sobre as condições na atual prisão: “O frio é o pior”, disse. E explicou que detentos em confinamento solitário, como ele, recebem uniformes especiais, uma crueldade extra que os impede de se aquecer devidamente.

Nesta quarta (27), na mesma rede social, em tom melancólico, Navalny disse que se sente “como uma estrela do rock cansada à beira da depressão”, que chegou “ao topo das paradas e não há mais nada pelo que lutar.”

O oposicionista negou todas as acusações feitas contra ele, afirmando que têm motivação política, e acusou o Kremlin de tentar mantê-lo na prisão pelo resto de sua vida.

Um dos associados do principal rival político do presidente Vladimir Putin, Daniel Kholodny, que foi julgado junto com ele, também teve sua sentença de oito anos confirmada.

Por que isso importa?

Navalny ganhou destaque ao organizar manifestações e concorrer a cargos públicos na Rússia. A rede dele chegou a ter 50 sedes regionais em toda a Rússia e, entre outras ações, denunciava casos de corrupção envolvendo o governo Putin e figuras importantes ligadas a ele. Isso levou o Kremlin a agir judicialmente para proibir a atuação do opositor, que então passou a ser perseguido.

Em agosto de 2020, durante viagem à Sibéria, Navalny foi envenenado e passou meses se recuperando em Berlim. Ele voltou a Moscou em 17 de janeiro de 2021 e foi detido no aeroporto. Um mês depois, foi julgado e condenado por violar uma sentença suspensa de 2014, sob acusação de fraude. Promotores alegaram que ele não se apresentou regularmente à polícia em 2020, justamente quando estava em coma pela dose tóxica.

Encarcerado em uma colônia penal de alta segurança, ele chegou a fazer uma greve de fome de 23 dias em abril de 2021, para protestar contra a falta de atendimento médico. Depois, em junho daquele ano, um tribunal russo proibiu os escritórios regionais de Navalny e sua Fundação Anticorrupção (FBK) de funcionarem, classificando-os como “extremistas”.

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