Prestes a presidir a cúpula do G-20, em conferência online neste fim de semana (21 e 22), a Arábia Saudita tem um desafio pela frente: comprovar a sua “evolução” não apenas em termos econômicos, mas, dentro do possível, democráticos.
Em dezembro de 2019, quando o país se colocou à disposição para receber a cúpula, as autoridades sauditas esperavam apresentar um país de alta estrutura.
Com a pandemia e a substituição do parceiro inconteste de Riad Donald Trump pelo democrata Joe Biden, no entanto, as expectativas sauditas podem não se realizar.
Em entrevista ao “The Guardian”, o ex-diplomata norte-americano David Rundell afirmou que o sucesso saudita na cúpula ocorrerá se o reino conseguir “manter a conexão” com o resto do mundo.
“A Arábia Saudita precisa apresentar o seu caso”, disse Biden. Recém eleito em uma votação recorde, o ex-vice-presidente de Barack Obama já prometeu rever as relações EUA-Arábia Saudita fomentadas na gestão Trump.
Reabilitação
A relação com os EUA é parte de um pano de fundo de desconfiança em relação à Arábia Saudita. O país tenta reabilitar sua imagem no exterior desde o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi na embaixada saudita de Istambul, em 2018.
Um grupo ligado ao príncipe herdeiro Mohammed bin Salman seria o responsável pelo crime.
Desde então, várias denúncias de perseguição a desertores e dissidentes sauditas no exterior vieram à tona, assim como ameaças e detenções arbitrárias entre integrantes do próprio governo – opositores de MBS.
A guerra no Iêmen e os embates diretos com seu grande inimigo, o Irã, também estão na mira dos líderes globais. A representação diplomática refuta a má impressão afirmando que “alguns críticos se apegam a visões desatualizadas, antiquadas e completamente obsoletas do reino”, segundo a embaixadora saudita nos EUA, Reema Bandar al-Saud.
“Quando somos desafiados em direitos humanos, precisamos explicar que o progresso não acontece da noite para o dia, a mudança é incremental”, diz.
Desde o início do ano, o G-20 já conta pelo menos 127 pré-reuniões. Mais de 17 mil pessoas se envolveram nos processos, adiantou o responsável pela cúpula, Abdulaziz Sager.