Crise será mais aguda na América Latina, diz Banco Mundial

Neste ano, o banco espera uma retração econômica no Brasil de 8%, uma das maiores do mundo

A crise causada pela pandemia do novo coronavírus será a mais grave em décadas e a região da América Latina e Caribe sofrerá a pior retração econômica, de 7,2%. A avaliação é do Banco Mundial, em relatório divulgado no último dia 8.

Neste ano, o banco espera uma retração econômica global de 5,2%. A renda per capita – importante medida de prosperidade em um país – em todas as regiões do mundo vai diminuir. A resultante, aponta o relatório, será o retorno de milhões de pessoas à pobreza.

Na América Latina, o Brasil sofrerá o maior abalo em sua economia, com queda de 8% no seu PIB (Produto Interno Bruto).

Os motivos seriam a diminuição brusca nos investimentos, quebras nas cadeias de produção, baixa nos preços de commodities importantes para a pauta exportadora do país e os efeitos do lockdown feito para conter a propagação do vírus.

Crise será mais aguda na América Latina, diz Banco Mundial
Venda de frutas em Santarém (PA), à beira do rio Tapajós (Foto: UN Photo/Eskinder Debebe)

México e Argentina também sofrerão forte baque: de 7,5% e 7,3%, respectivamente. Em toda a região da América Latina e Caribe, a retração deve ser de 7,2%, segundo a estimativa do banco.

Os mexicanos viverão o impacto da derrubada nos preços do petróleo, commodity produzida pelo país, paralisação do setor turístico e menor acesso a financiamento externo.

A Argentina, por sua vez, passa pela crise externa em um cenário de incerteza causada pela sua própria situação interna. Há inflação, negociações de dívida externa, moratória técnica em credores estrangeiros e baixa demanda por suas commodities no exterior.

Na região da América Latina e Caribe, a exceção fica por conta da pequena Guiana. Ali, a indústria de petróleo off-shore vem crescendo de forma exponencial nos últimos anos e deve segurar os efeitos da crise.

Europa e Ásia

A subregião da Europa e Ásia Central deve ter retração econômica da ordem de 4,7% em 2020. Segundo o Banco Mundial, haverá “recessão em quase todos os países” com a contração no consumo e no investimento.

Parte do resultado ruim é puxado pela Rússia, cujo produto deve diminuir cerca de 6% neste ano graças ao preço baixo do petróleo.

No sul da Ásia, a paralisação do consumo e do investimento também é uma das responsáveis por uma queda estimada de 2,7% neste ano. A região, que compreende Índia, Paquistão, Afeganistão, Bangladesh e Nepal, também depende das remessas de emigrados. Esse valor deve cair 20% neste ano, e as exportações também seguem em baixa.

Já os países asiáticos banhados pelo Pacífico terão retração de 0,5% no PIB em 2020. Parece pouco, mas é o pior número desde 1967. Na região, a economia da Tailândia deve sofrer a queda mais acentuada, de 5%, ante 1% da China.

África e Oriente Médio

Entre os países do Oriente Médio, o maior baque da crise neste ano será no Irã: a economia local deve contrair 5,3%, mantendo recessão que já dura três anos. É a região que absorverá os maiores impactos da queda nos preços do petróleo.

Entre os países africanos, os piores resultados são esperados para a África do Sul, onde o presidente Cyril Ramaphosa impôs duras medidas de lockdown, e para a exportadora de petróleo Nigéria. A contração econômica esperada é de 7,1% e 3,2%, respectivamente.

O continente depende de receitas de turismo, commodities agrícolas, minerais e petróleo, além das remessas de expatriados.

Instituições como o FMI (Fundo Monetário Internacional), Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) e o próprio Banco Mundial já fizeram outros cálculos dos impactos da crise na economia e escalada da pobreza ao longo do ano.

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