Negociações da COP28 impactarão casos de asma, câncer e doenças infecciosas, diz OMS

Segundo a agência, maior acesso a fontes limpas de energia pode impedir cinco milhões de mortes todos os anos.

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

Às vésperas da 28ª Cúpula do Clima (COP28), a Organização Mundial da Saúde (OMS) pede que o impacto das alterações climáticas no setor de saúde esteja no centro das negociações. 

O diretor-geral da agência, Tedros Ghebreyesus, disse que “priorizar a saúde não é apenas uma escolha, é a base de sociedades resilientes”.

Segundo ele, é preciso mudar a conversa e demonstrar “os enormes benefícios de uma ação climática mais ousada para a saúde e bem-estar.”

Em entrevista a ONU News, a diretora do Departamento de Saúde Pública e Meio Ambiente da OMS, Maria Neira, disse que “todo mundo, em todos os lugares, é afetado pelas mudanças climáticas”.

No entanto, ela ressaltou que os mais vulneráveis são aqueles que vivem “nos países subsaarianos, no sudeste asiático e nos pequenos Estados insulares”.

Emissões de gases em um complexo industrial em Toronto, Canadá (Foto: ONU/Flickr)
Nexo entre clima e saúde

A especialista disse que, na COP 28, os negociadores precisam perceber que o que está em jogo não é apenas a redução de emissões de gases. Ela apontou também a quantidade de casos de asma, câncer de pulmão e outras doenças respiratórias associadas à exposição à poluição ou às consequências das alterações climáticas.

Maria Neira afirmou que maior acesso a fontes limpas de energia pode impedir cinco milhões de mortes todos os anos.

Nesse sentido, defendeu estratégias para transferência de novas tecnologias verdes para os países com o objetivo de reduzir as emissões, acelerando a transição para fontes de energia limpas e garantindo a harmonização dos dispositivos médicos necessários para os novos desafios de saúde pública.

A agência defende que os acontecimentos climáticos extremos em todo o mundo nos últimos meses oferecem uma visão aterradora do que está por vir num mundo em rápido aquecimento. 

3,5 bilhões de pessoas em alto risco

O relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC) afirma que cerca de 3,5 bilhões de pessoas, quase metade da humanidade, vivem em áreas altamente vulneráveis ​​às alterações climáticas. 

As mortes relacionadas com o calor entre pessoas com mais de 65 anos aumentaram 70% em todo o mundo em duas décadas, de acordo com dados da OMS.

Desastres cada vez mais frequentes e graves, como secas, inundações e ondas de calor, também irão sobrecarregar as infraestruturas de saúde. 

As inundações do ano passado no Paquistão deslocaram oito milhões de pessoas e afetaram 33 milhões no total. 

Primeiro Dia da Saúde durante a COP

As previsões do Banco Mundial indicam que, sem uma ação ousada e imediata, as alterações climáticas poderão deslocar aproximadamente 216 milhões de pessoas até 2050.

Paralelamente, as alterações climáticas estão catalisando um aumento de doenças infecciosas como a dengue e a cólera, colocando milhões de pessoas em perigo.

A OMS espera que os líderes mundiais reunidos na COP28 compreendam que as mudanças climáticas são uma ameaça direta à saúde global, que já não pode ser ignorada ou subestimada.

O primeiro Dia da Saúde durante o evento pretende destacar o nexo entre clima e saúde na agenda das alterações climáticas. Espera-se que um número recorde de ministros da saúde participe na COP28. 

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