ONU propõe código de conduta para combater violência e desinformação na internet

Chefe das Nações Unidas pede que empresas e governos se comprometam a expor conspirações e mentiras na rede mundial

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

A “proliferação de ódio e mentiras” na internet está causando um “grave dano global”. Com base nesta constatação, o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, propõe a criação de um código de conduta para tornar o ambiente digital mais seguro e inclusivo.

Falando a jornalistas na segunda-feira (12), o líder da ONU apresentou o novo documento político da série “Nossa Agenda Comum”. No texto, a ONU coloca a integridade da informação como um tema central da cooperação entre os países.

Segundo Guterres o objetivo é “promover fatos e ao mesmo tempo expor conspirações e mentiras”.

O documento reconhece benefícios das plataformas digitais, como apoio a comunidades afetadas por crises, espaço para vozes excluídas e mobilizações em temas como justiça racial e equidade de gênero.

No entanto, o estudo indica que essas mesmas plataformas estão sendo usadas para subverter a ciência, espalhar desinformação e ódio, alimentar conflitos, ameaçar democracias e prejudicar ações de saúde pública e de defesa do meio ambiente.

ONU propõe código de conduta para tornar o ambiente digital mais seguro e inclusivo (Foto: Unsplash)
Engajamento acima dos direitos

De acordo com Guterres, essas tecnologias são frequentemente “fonte de medo e não de esperança”.

O secretário-geral disse que as empresas de tecnologia “tem feito muito pouco” para prevenir que as plataformas digitais espalhem violência.

Segundo o código de conduta defendido por Guterres, estas companhias devem abandonar modelos de negócio que “priorizam o engajamento acima dos direitos humanos, da privacidade e da segurança”.

Alertas sobre inteligência artificial

Outra medida considerada necessária pelo chefe da ONU para proteger a integridade da informação é a garantia de que todas as aplicações da inteligência artificial serão “seguras, responsáveis, éticas e cumprirão com obrigações de direitos humanos”.

Ele ressaltou que os próprios cientistas e especialistas responsáveis pela criação da inteligência artificial declararam que a tecnologia é uma ameaça existencial para a humanidade, equiparável ao risco de guerra nuclear. Para o chefe da ONU, “esses alertas devem ser levados a sério”.

Ao ser perguntado sobre se concordava com uma pausa no desenvolvimento da tecnologia, o chefe da ONU disse que pode ser uma “ideia interessante.” No entanto, ele acredita que isso “não resolve o problema” e defendeu o rápido avanço nos mecanismos propostos no relatório.

Imprensa livre

O documento afirma que todas as medidas de regulação a serem tomadas devem preservar a liberdade de expressão e informação.

Nesse sentido, o relatório condena medidas drásticas de governos que criam banimentos e apagões da internet sem nenhuma base legal.

A proposta do líder das Nações Unidas também reforça que os governos devem garantir a existência de veículos de imprensa livres, independentes e plurais, com “fortes proteções para jornalistas”.

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