Pequena queda nos preços dos alimentos em abril é ‘um alívio bem-vindo’, diz FAO

Apesar da redução em abril, preços dos alimentos permanecem próximos de suas altas recentes

Depois de atingirem um recorde histórico em março, em meio às repercussões da guerra na Ucrânia, os preços globais dos alimentos caíram no mês passado, de acordo com comunicado divulgado pela FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) nesta sexta-feira (6).

O Índice de Preços de Alimentos da FAO teve uma média de 158,2 pontos em abril, uma queda de 0,8% em relação ao aumento de março, mas permaneceu quase 30% maior do que em abril de 2021.

O Índice acompanha as mudanças mensais nos preços internacionais de uma cesta de commodities alimentares, e a queda foi liderada por uma ligeira redução nos preços de óleos vegetais e cereais.

“A pequena queda no índice é um alívio bem-vindo, particularmente para países de baixa renda com déficit alimentar. Mas, ainda assim, os preços dos alimentos permanecem próximos de suas altas recentes, refletindo o aperto persistente do mercado e representando um desafio à segurança alimentar global para os mais vulneráveis”, disse Máximo Torero Cullen, Economista Chefe da FAO.

O Índice de Preços de Óleos Vegetais registrou uma queda de 5,7% em abril, perdendo quase um terço do aumento em março.

App permite envio de alimentos da África do Sul para o Zimbábue mesmo com restrições nas fronteiras (Foto: Pexels)

O racionamento da demanda derrubou os preços dos óleos de palma, girassol e soja, disse a FAO, enquanto as incertezas em torno das disponibilidades de exportação da Indonésia – o maior exportador mundial de óleo de palma – continham novas quedas nos preços no mercado internacional.

O Índice de Preços de Cereais da FAO caiu 0,7 ponto em abril, devido a uma queda de 3,0% nos preços mundiais do milho. Já os preços do trigo subiram 0,2%, fortemente afetados pelo bloqueio contínuo dos portos na Ucrânia. O país, junto com a Rússia, responde por cerca de 30% das exportações globais de trigo.

Outros fatores por trás do aumento incluem preocupações com as condições das safras nos Estados Unidos, embora atenuadas por embarques maiores da Índia e exportações acima do esperado da Rússia.

Enquanto isso, os preços internacionais do arroz aumentaram 2,3%, impulsionados pela forte demanda da China e do Oriente Próximo.

A FAO também divulgou previsões atualizadas para a oferta e demanda mundial de cereais, que indicam que, embora os estoques estejam aumentando, o comércio provavelmente diminuirá este ano.

Prevê-se que a produção global de trigo cresça para 782 milhões de toneladas, o que incorpora um declínio esperado de 20% na área colhida na Ucrânia, bem como declínios devido à seca no Marrocos.

A FAO disse que o Índice de Preços do Açúcar subiu 3,3% em abril, principalmente devido aos preços mais altos do etanol e preocupações com o início lento da safra de 2022 no Brasil, o maior exportador mundial de açúcar.

O Índice de Preços da Carne da FAO atingiu um novo recorde no mês passado, aumentando 2,2% à medida que os preços das carnes de aves, suínos e bovinos subiram. Os custos das aves foram afetados por interrupções nas exportações da Ucrânia e crescentes surtos de gripe aviária no hemisfério norte.

O Índice de Preços de Laticínios também saltou 0,9%, impulsionado pelo que a FAO descreveu como “aperto da oferta global persistente”, com a produção de leite na Europa Ocidental e Oceania continuando abaixo dos níveis sazonais.

A agência informou que os preços mundiais da manteiga subiram mais, influenciados pela crescente demanda associada à atual escassez de óleo de girassol e margarina.

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