Conflitos armados e violência são principais causas de fome em vários países, diz ONU

Afeganistão, Haiti, Somália, Sudão do Sul e Iêmen são algumas das nações que sofrem com a crise humanitária decorrente de conflitos

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

A coordenadora da ONU (Organização das Nações Unidas) para Prevenção e Resposta à Fome, Reena Ghelani, participou de uma reunião no Conselho de Segurança sobre insegurança alimentar induzida por conflito. Ela testemunhou casos extremos e disse que conheceu mulheres e mães deslocadas que, devido à fome, não tinham força sequer para chorar.

Ghelani afirma que a ameaça da fome deve ser um alerta. O número de pessoas que sofrem de insegurança alimentar aguda atingiu 250 milhões no ano passado, sendo o maior número registrado nos últimos anos

Dessas pessoas, cerca de 376 mil enfrentavam condições semelhantes à fome em sete países. Outros 35 milhões estavam no limite. Como em todas as situações de crise, mulheres e crianças são as mais impactadas.

Iemenitas dependentes de ajuda humanitária aguardam acesso à água potável (Foto: UNPD/Iemen)

Ghelani apresentou ao Conselho de Segurança, que neste mês é presidido pelos Estados Unidos, algumas propostas, a começar pelo respeito à lei humanitária internacional, protegendo suprimentos e garantindo acesso seguro e desimpedido.

Outra ideia é a melhoria dos mecanismos de alerta precoce e a constante busca por formas de mitigar o impacto da violência sobre os mais vulneráveis. 

Segundo a coordenadora, as mulheres e meninas devem ser o centro dos esforços por serem as mais afetadas. Ghelani citou dados que apontam que o envolvimento feminino na construção da paz aumenta em 25% a probabilidade de cessar a violência.

E, para isso, é necessário financiamento adequado. Além dos esforços da ONU, é preciso obter colaboração e solidariedade entre os países.

Fome e conflito

Ghelani diz que insegurança e conflito são importantes causas de fome. Ela explica que os sete países onde as pessoas enfrentam condições semelhantes à fome viveram ou vivem conflitos armados ou níveis extremos de violência. 

A coordenadora citou Afeganistão, Haiti, Somália, Sudão do Sul e Iêmen, que aparecem regularmente na agenda do Conselho de Segurança.

Trabalhadores humanitários

Ela adicionou que o conflito não poupa os trabalhadores humanitários. Dezenas foram mortos e muitos foram sequestrados ou feridos. Além disso, Ghelani ressalta que instalações e suprimentos também são atacados, saqueados ou usados para fins militares. 

A coordenadora falou sobre as dificuldades das Nações Unidas e seus parceiros no Sudão, onde 11 trabalhadores humanitários foram mortos nas últimas semanas. A própria insegurança alimentar também instiga a instabilidade. 

Ela abordou ainda a questão climática apontando que, entre os dez países mais vulneráveis a riscos, sete estão em conflito. 

A sessão foi liderada pelo secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, que falou a jornalistas no fim do encontro como parte da agenda de trabalho americana para agosto no Conselho.

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