A economia do Líbano enfrenta uma depressão “árdua e prolongada” – e a principal culpada é a classe política, alertou o Banco Mundial nesta terça (1). A organização aponta que o governo se recusa a implementar reformas para recuperar o país.
A crise vivida no país se acentuou após a explosão do porto de Beirute, em 4 de agosto. Estima-se que 75% da população termine 2020 na pobreza após uma contração de até 20% no PIB (Produto Interno Bruto).
No relatório, o Banco Mundial reforça a urgência na formação de um governo voltado para as reformas. A crise na economia também impulsiona o caos social e político: o Líbano viu a nomeação de três primeiros-ministros em 2020, além da disputa e divergência entre os grupos no poder.
O atual premiê, Saad Hariri, que voltou ao cargo após renunciar em 2019, tenta formar um novo governo desde o final de outubro. “A falta de ação política eficaz sujeitou a economia a uma depressão árdua e prolongada”, concluiu o relatório.
“Um ano depois da crise, ainda não vemos a decisão ou implantação de qualquer política. Como resultado, a crise do Líbano provavelmente será mais profunda e mais longa do que a maioria das crises econômicas”.
Curto e longo prazo
A publicação do relatório vem um dia antes da conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) e França para conceder ajuda a Beirute, que se aprofundará nas consequências da explosão.
“O novo governo precisa implementar uma estratégia de estabilização macroeconômica confiável, com medidas de curto prazo para conter a crise”, disse o diretor regional do Banco Mundial, Saroj Kumar Jha, à Associated Press.
A médio e longo prazo, as reformas devem prever o enfrentamento a desafios estruturais do país. Em março, o Líbano deixou de pagar a dívida externa, que já alcança US$ 90 bilhões – o equivalente a 170% do PIB.