Um ano após passeatas e renúncia, Saad Hariri volta como premiê do Líbano

Primeiro-ministro foi nomeado nesta quinta (22); Filho das elites políticas, Hariri inicia terceira passagem no cargo

Um ano depois de ser forçado a deixar o cargo de primeiro-ministro após manifestações que tomaram o Líbano, Saad Hariri está de volta. A nomeação é do presidente Michel Aoun e vale a partir desta quinta (22).

Caberá a Hariri a mais recente tentativa de reorganização de um país que vive sua pior crise desde a guerra civil encerrada em 1990, informou a Reuters.

Hariri retorna ao poder após a renúncia de dois premiês em menos de dois meses. Líder sunita, o político ganhou o apoio da maioria dos parlamentares a partir das consultas de Aoun.

Líbano nomeia Saad Hariri como novo primeiro-ministro
O novo primeiro-ministro do Líbano, Saad Hariri, durante visita ao presidente russo, Vladimir Putin, em setembro de 2017 (Foto: Kremlin)

Desde a explosão do porto de Beirute, em 4 de agosto, a crise econômica que já castigava os libaneses ganhou um forte componente político. Estima-se que 75% da população termine 2020 na pobreza. O país tem uma dívida pública que corresponde a 175% do PIB (Produto Interno Bruto).

O novo premiê ocupou o cargo de 2009 a 2011 e, novamente, de 2016 até o final de 2019, quando renunciou ao cargo após protestos. O político é filho do também ex-primeiro-ministro, Rafik Hariri, assassinado em 2005.

Divisão interna

Com uma forte disputa interna entre diversas forças políticas locais – de muçulmanos xiitas a cristãos maronitas, passando pelo xiita Hezbollah –, o novo premiê tem o apoio dos partido xiita Amal, do druso Walid Jumblatt e outros pequenos blocos.

Mesmo sem apresentar indicações, o Hezbollah afirmou que “buscará facilitar o processo” para Hariri. “Vamos contribuir para manter o clima positivo”, disse o chefe do bloco, Mohammed Raad.

A maioria dos cristãos, no entanto, discordou da escolha de Aoun. “Um político veterano não deve liderar um gabinete de especialistas”, afirmaram políticos das Forças Libanesas, sigla opositora ao Hezbollah.

O gabinete é uma sugestão do presidente francês, Emmanuel Macron. O objetivo é definir especialistas das mais variadas áreas para restabelecer alguma ordem em meio ao cenário de caos que tomou o país país.

Pelas leis do Líbano, o presidente deve escolher o candidato com o maior apoio dos legisladores. O braço político do Hezbollah ocupa a maioria no Parlamento.

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