Fome no Iêmen atinge um nível sem precedentes com financiamento perto do fim

Para o segundo semestre, a expectativa é de que um recorde de 19 milhões de pessoas no país não tenham o mínimo para comer

A crise de fome no Iêmen está à beira de uma condição catastrófica, de acordo com análise feita por várias agências da ONU (Organização das Nações Unidas) e divulgada nesta segunda-feira (14).  

Atualmente, 17,4 milhões de pessoas no país estão dependendo de assistência alimentar, mas a situação poderá piorar entre junho e dezembro. 

Para o segundo semestre deste ano, a expectativa é de que um recorde de 19 milhões de pessoas no Iêmen não tenham o mínimo para comer. O levantamento foi feito pela FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), pelo PMA (Programa Mundial de Alimentos) e pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).  

Até o fim do ano, é possível que 7,3 milhões de iemenitas caiam num nível emergencial de fome.

Iemenitas dependentes de ajuda humanitária aguardam acesso à água potável (Foto: UNPD/Iemen)

O relatório traz ainda detalhes sobre a desnutrição entre crianças, que já atinge 2,2 milhões de menores de cinco anos, sendo que a desnutrição aguda severa, que pode levar à morte, é confirmada em quase 1 milhão de crianças.  

De acordo com as agências da ONU, 1,3 milhão de grávidas e lactantes também estão enfrentando desnutrição aguda. O coordenador humanitário da ONU no país, David Gressly, destacou ser essencial encontrar uma “resposta para milhões de pessoas, não só na parte nutricional, mas também para que a população tenha água potável, proteção e saúde”.  

Segundo ele, ainda há tempo de progredir, por isso ele pede às partes em conflito para que levantem todas as restrições e invistam em commodities que não estão sofrendo com sanções. Esta seria uma maneira de reduzir preços dos alimentos, melhorar a economia e criar empregos.  

O relatório nota ainda que a “guerra na Ucrânia levará a choques nas importações, aumentando ainda mais o preço dos alimentos, sendo que o Iêmen depende quase que completamente de importações de comida, com 30% do trigo vindo da Ucrânia”.  

Um dado que deixa as agências da ONU em alerta é sobre o número de pessoas enfrentando “níveis catastróficos de fome”. O total deve subir cinco vezes, passando dos atuais 31 mil para 161 mil civis no segundo semestre. 

O diretor-executivo do PMA, David Beasley, afirma que, se o financiamento não chegar imediatamente, “haverá fome em massa”. Mas, se forem tomadas medidas agora, ainda é possível “evitar um desastre e salvar milhões de pessoas”.  

O PMA precisou reduzir as porções de refeições para 8 milhões de pessoas devido à falta de fundos, sendo que muitas famílias estão recebendo quase metade do tamanho padrão da cesta básica entregue pela agência.  

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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