Teerã está conduzindo negociações secretas entre Moscou e os rebeldes Houthis para transferir mísseis antinavio avançados ao exército insurgente iemenita apoiado pelo Irã, segundo a agência Reuters na terça-feira (24).
De acordo com a reportagem, a Rússia ainda não tomou uma decisão sobre o envio dos mísseis de cruzeiro P-800 Oniks, também conhecidos como Yakhont. Especialistas afirmam que esses mísseis permitiriam ao grupo atingir navios comerciais no Mar Vermelho com mais precisão, aumentando a ameaça aos navios de guerra americanos e europeus que protegem as rotas comerciais.
Duas autoridades regionais familiarizadas com as negociações informaram que houthis e russos se reuniram em Teerã pelo menos duas vezes este ano, e que as discussões para fornecer dezenas de mísseis com alcance de aproximadamente 300 km estão em andamento. Novos encontros no Irã estão previstos para as próximas semanas.
A Rússia já entregou o míssil Yakhont ao Hezbollah, apoiado pelo Irã. Segundo uma das fontes, as negociações começaram durante o governo do presidente iraniano Ebrahim Raisi, que morreu em um acidente de helicóptero em maio.
“Há negociações em andamento entre a Rússia e os Houthis para a transferência de mísseis antinavio supersônicos Yakhont“, afirmou uma fonte de inteligência ocidental. “Os iranianos estão atuando como intermediários, mas preferem não deixar sua marca direta nessas negociações”.
O Wall Street Journal informou em julho que a Rússia estava avaliando a transferência de armas para os Houthis, mas é a primeira vez que se relata que o Irã está atuando como intermediário.
Os Houthis começaram a atacar navios comerciais em novembro de 2023, argumentando que servem a Israel e declarando apoio aos palestinos de Gaza durante o conflito, que já está perto de completar um ano. Com o tempo, porém, mesmo navios sem relação com Israel passaram a ser atacados.
A ofensiva rebelde levou a uma ação retaliatória dos EUA e do Reino Unido, que formaram uma coalizão naval para assegurar a navegação livre e evitar um choque econômico ainda maior. As rotas visadas pelos Houthis recebem cerca de 15% do comércio internacional, e os ataques forçaram muitas companhias a mudarem o trajeto de suas embarcações, encarecendo o frete mundial.