Irã negocia a entrega de mísseis russos aos rebeldes Houthis

Moscou ainda não decidiu se envia os artefatos ao grupo terrorista do Iêmen, que tem atacado navios no Mar Vermelho

Teerã está conduzindo negociações secretas entre Moscou e os rebeldes Houthis para transferir mísseis antinavio avançados ao exército insurgente iemenita apoiado pelo Irã, segundo a agência Reuters na terça-feira (24).

De acordo com a reportagem, a Rússia ainda não tomou uma decisão sobre o envio dos mísseis de cruzeiro P-800 Oniks, também conhecidos como Yakhont. Especialistas afirmam que esses mísseis permitiriam ao grupo atingir navios comerciais no Mar Vermelho com mais precisão, aumentando a ameaça aos navios de guerra americanos e europeus que protegem as rotas comerciais.

Duas autoridades regionais familiarizadas com as negociações informaram que houthis e russos se reuniram em Teerã pelo menos duas vezes este ano, e que as discussões para fornecer dezenas de mísseis com alcance de aproximadamente 300 km estão em andamento. Novos encontros no Irã estão previstos para as próximas semanas.

Os Houthis, também conhecidos como Ansar Allah (Partidários de Deus), são um grupo rebelde armado baseado no Iêmen (Foto: WikiCommons)

A Rússia já entregou o míssil Yakhont ao Hezbollah, apoiado pelo Irã. Segundo uma das fontes, as negociações começaram durante o governo do presidente iraniano Ebrahim Raisi, que morreu em um acidente de helicóptero em maio.

“Há negociações em andamento entre a Rússia e os Houthis para a transferência de mísseis antinavio supersônicos Yakhont“, afirmou uma fonte de inteligência ocidental. “Os iranianos estão atuando como intermediários, mas preferem não deixar sua marca direta nessas negociações”.

O Wall Street Journal informou em julho que a Rússia estava avaliando a transferência de armas para os Houthis, mas é a primeira vez que se relata que o Irã está atuando como intermediário.

Os Houthis começaram a atacar navios comerciais em novembro de 2023, argumentando que servem a Israel e declarando apoio aos palestinos de Gaza durante o conflito, que já está perto de completar um ano. Com o tempo, porém, mesmo navios sem relação com Israel passaram a ser atacados.

A ofensiva rebelde levou a uma ação retaliatória dos EUA e do Reino Unido, que formaram uma coalizão naval para assegurar a navegação livre e evitar um choque econômico ainda maior. As rotas visadas pelos Houthis recebem cerca de 15% do comércio internacional, e os ataques forçaram muitas companhias a mudarem o trajeto de suas embarcações, encarecendo o frete mundial.

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