Irã pede a Biden retomada do acordo de 2015 e fim das sanções dos EUA

Teerã afirma que obedecerá ao acordo, esvaziado em 2018, caso EUA eliminem sanções à economia do país

O governo de Joe Biden só começa em 20 de janeiro, mas o Irã já pediu ao democrata que suspenda as sanções dos EUA e retome o acordo nuclear de 2015. Enquanto a resposta não vem, Teerã coleciona violações ao tratado.

A pressão sobre o democrata começou nesta quarta (18), após uma entrevista do ministro iraniano de Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, à mídia estatal.

O diplomata argumentou que o Irã implementará totalmente o acordo nuclear de 2015 em troca da suspensão das sanções norte-americanas contra Teerã. “É algo pode ser ser feito rapidamente, com duas ou três ordens executivas”, alegou Zarif.

Irã usa acordo nuclear para tentar dissuair Biden sobre sanções dos EUA ao país
O ministro de Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, em pronunciamento na capital Teerã, em agosto de 2015 (Foto: WikiCommons/Hamed Malekpour)

Biden prometeu aderir novamente ao acordo histórico, assinado com outras cinco potências mundiais em 2015, caso o Irã obedeça ao cumprimento – o que não acontece no momento.

Enquanto Teerã negocia para a retirada das sanções de “pressão máxima” dos EUA sobre as ameaças nucleares do país, o governo iraniano continua os processos de enriquecimento de urânio.

Com a alegação de que serão usados para “geração de energia”, o Irã processa elementos em termos muito superiores aos aceitos pelo acordo.

Em outra grave violação ao tratado, há o flagrante da injeção de gás urânio em centrífugas subterrâneas na unidade de Natanz. A informação está no último relatório da Agência de Vigilância Atômica da ONU (Organização das Nações Unidas), lançado na quarta (18).

Aiatolás em crise

A eleição de Biden nos EUA é conveniente para o Irã, que tenta desarmar as sanções econômicas lançadas por Donald Trump e, em parte, responsáveis pela acentuada crise em que se encontra o país.

Com um tom mais moderado, Zarif não insistiu em nenhuma compensação dos EUA em troca dos “danos” sofridos pelo Irã desde 2018. À época, os EUA deixaram o acordo de forma unilateral. O presidente Hassan Rouhani já havia solicitado um “reembolso”, descartado dessa vez.

“Se o senhor Biden estiver disposto a cumprir os compromissos dos EUA, nós também podemos retornar os nossos diante do acordo”, apontou Zarif.

O Irã busca a entrada de recursos no país após o fim do embargo de armas da ONU, no dia 18 de outubro, após 18 anos. Além das sanções norte-americanas, o país vive grave crise desde o início da pandemia.

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