Mais de 875 mil crianças enfrentam situação de desnutrição aguda no Afeganistão

A ONG Human Rights Watch, em um relatório recente sobre a situação do povo afegão, disse que dois terços da população do país sofre de insegurança alimentar

Segundo um relatório recente da ONG Human Rights Watch (HRW) sobre o Afeganistão, divulgado pela rede afegã Tolo News, o país continua enfrentando uma das piores crises humanitárias do mundo. O levantamento revela que dois terços da população afegã estão sofrendo com insegurança alimentar.

“O Afeganistão praticamente desapareceu da mídia, mas continua sendo um dos piores desastres humanitários do mundo”, disse o relatório da HRW.

Segundo informações do Tolo News, a crise se agravou após a proibição das mulheres trabalharem em organizações não governamentais (ONGs). O estudo aponta que aproximadamente 875 mil crianças estão enfrentando desnutrição aguda.

Quase um milhão de crianças afegãs não sabe se terá comida no dia seguinte (Foto: WikiCommons)

“Dois terços da população do país sofrem de insegurança alimentar, incluindo 875 mil crianças que enfrentam desnutrição aguda. Mulheres e meninas continuam em maior risco”, detalhou a HRW.

A perda drástica de ajuda deixará muitos afegãos mais pobres e famintos, acrescentou o documento.

“A informação adicional que tenho é que a situação humanitária continua crítica no Afeganistão e nossas operações também permanecem subfinanciadas”, disse Stephane Dujarric, porta-voz do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.

De acordo com um relatório anterior do Banco Mundial, o Afeganistão foi identificado como um dos sete países que enfrentam uma crise alimentar de nível catastrófico.

O relatório menciona que os sete países afetados pela crise alimentar são: Afeganistão, Burkina Faso, Haiti, Nigéria, Somália, Sudão do Sul e Iêmen.

O Relatório Global sobre Crises Alimentares informou que o número de pessoas enfrentando crises alimentares nesses países atingiu o nível mais alto desde o início do relato de dados em 2017.

Ao mesmo tempo, o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) emitiu um alerta destacando a escassez crítica de assistência alimentar no Afeganistão, devido à falta de financiamento, em meio a uma crise humanitária generalizada no país.

Em uma mensagem de vídeo compartilhada no Twitter, Melanie Galvin, chefe de nutrição do Unicef, expressou preocupação afirmando que milhares de crianças vulneráveis correm o risco de morrer de desnutrição grave apenas neste ano, no Afeganistão.

Além disso, Galvin ressaltou que a organização global de alimentos enfrenta uma necessidade urgente de financiamento de US$ 21 milhões para adquirir suprimentos essenciais para o tratamento da desnutrição e para capacitar profissionais de saúde em todo o país.

Ela também destacou a escassez de alimentos terapêuticos prontos para uso (RUTF, da sigla em inglês) na organização. O RUTF é considerado um suplemento alimentar essencial e pronto para consumo, capaz de curar crianças que sofrem de desnutrição, de acordo com a agência afegã Khaama Press.

O Ministério da Economia talibã considera que as sanções econômicas e o congelamento de bens do Afeganistão são a razão do aumento da insegurança alimentar no país.

Mesa vazia

Quase 20 milhões de pessoas no Afeganistão não sabem se terão comida no prato no dia seguinte, enquanto pelo menos 700 mil perderam seus empregos no país desde a tomada do poder pelo Taleban em agosto de 2021, com agricultura, serviço público e setores de construção os mais afetados. A crise alimentar, portanto, ocorre em meio à deterioração da situação econômica.

Em meio a esse cenário catastrófico, a agência de alimentos da ONU (Organização das Nações Unidas) disse no mês passado que corre o maior risco de fome dos últimos 50 anos, necessita urgentemente de US$ 800 milhões para os próximos seis meses, mostrou reportagem da agência Associated Press.

A distribuição de alimentos por meio de ajuda humanitária tem enfrentado imensa dificuldade desde que um decreto do Taleban em dezembro passado proibiu o trabalho de mulheres afegãs em ONGs, levando muitas agências a suspender as atividades por falta de mão de obra.

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