No Líbano, irmão do premiê Saad Hariri sugere evitar acordo com Hezbollah

Para o empresário Bahaa Hariri, 'controle do Hezbollah' tende a não contribuir para a recuperação do Líbano

O primeiro-ministro do Líbano, Saad Hariri, não deveria fechar acordo com o Hezbollah na tentativa de compor um novo governo no Líbano, aconselhou o irmão do premiê, o bilionário Bahaa Hariri.

Bahaa fez carreira na área financeira é o filho mais velho do ex-premiê Rafik Hariri, morto em um atentado em 2005. Em entrevista ao portal Axios, o empresário afirmou que está preocupado com a possibilidade de o irmão formar um governo “controlado pelo Hezbollah”.

Saad voltou ao cargo de primeiro-ministro no dia 22, após a renúncia de dois premiês em menos de dois meses. A explosão do porto de Beirute, no dia 4 de agosto, descortinou a crise libanesa que, em outubro de 2019, forçou a retirada de Hariri após uma série de manifestações.

No Líbano, irmão de Saad Hariri pede que premiê evite acordo com Hezbollah
O empresário Bahaa Hariri em convenção do Fórum Econômico Mundial de 2015, na Jordânia (Foto: Fórum Econômico Social/Benedikt von Loebell)

Especialistas já atribuem ao Líbano o status de “Estado falido”. Estima-se que 75% da população termine 2020 na pobreza. Antes da pandemia, o índice – já alarmante – era de 45%.

O país também concentra uma dívida pública da ordem de 175% do PIB (Produto Interno Bruto) – o que preocupa Bahaa. Segundo o empresário, é possível que o caos instaurado force o premiê a compor com o Hezbollah.

“Na época de Rafik Hariri, o Hezbollah não estava no governo”, argumentou o irmão de Saad. “Penso que formar um governo com o Hezbollah é um grande erro”. Ao assumir o cargo, Saad se comprometeu a construir um governo “técnico” para a recuperação do país.

“O Hezbollah derrubou um império”

De acordo com o empresário, o partido xiita causou “muitos danos” ao Líbano, tanto dentro do país quanto no exterior. “O Hezbollah conseguiu quebrar o Líbano em 15 anos. Eles derrubaram um império. É um fracasso enorme”, disse Bahaa.

O principal motivo para o primeiro-ministro não aderir ao acordo com o grupo está relacionado às relações do país com a comunidade internacional.

“Um governo com membros do Hezbollah não obteria o apoio de Estados do Golfo ou de qualquer um do mundo. Assim, não é possível tirar o Líbano de sua crítica crise política e econômica”, pontuou. O premiê Saad Hariri não se manifestou sobre os comentários do irmão.

No julgamento sobre o atentado que matou Rafik Hariri, em agosto, o tribunal da ONU (Organização das Nações Unidas) atribuiu a autoria do assassinato a um dos membros do grupo xiita.

No Brasil

Casos mostram que o país é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino. Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos. Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.

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