Turquia deporta terrorista russo associado ao Estado Islâmico e com falso documento

O homem teria chegado à Turquia no dia 2 de agosto, proveniente do Cairo, com um passaporte falso de Gana

O governo da Turquia anunciou ter finalizado no sábado (28) o processo de deportação de um terrorista de nacionalidade russa associado ao Estado Islâmico (EI). Identificado apenas pelas iniciais A. U. D., ele foi detido pelas autoridades locais ao tentar ingressar em Istambul com um passaporte falso, segundo o jornal local Daily Sabah.

O homem teria chegado à Turquia no dia 2 de agosto, proveniente do Cairo, com um passaporte falso de Gana. As autoridades turcas informam que ele já havia tentado entrar no país com documentos falsos anteriormente, e em todas as tentativas foi detido e mandado de volta.

Turquia deportou terrorista russo associado ao Estado Islâmico
Agentes do esquadrão de operações especiais da Turquia (Foto: Esra Dogramaci/Flickr)

Diversos países europeus têm contestado a decisão da Turquia de deportar terroristas do EI que ingressam no país. Enquanto Istambul alega que terroristas nascidos no exterior devem ser repatriados para seus países de origem, as demais nações entendem que esses indivíduos perderam suas nacionalidades devido à associação ao grupo.

No início do ano, o Ministério do Interior anunciou ter deportado, desde 2019, 2.764 pessoas acusadas de associação com grupos terroristas de 67 nacionalidades diferentes.

“Nesse âmbito, 1.595 combatentes terroristas estrangeiros foram capturados e deportados para seus países em 2019, 1.019 em 2020 e 150 nos primeiros dois meses e meio de 2021”, diz o órgão.

Situação preocupante

Em fevereiro, após a Turquia capturar um terrorista de alta patente associado ao movimento jihadista, autoridades alertavam que a pandemia de Covid-19 criou um “terreno fértil” para o recrutamento de novos integrantes pelo EI no Oriente Médio e na África.

A situação é especialmente preocupante para a Turquia, que em 2013 foi um dos primeiros países a declarar o EI uma organização terrorista.

Desde então, o país foi atacado pelo grupo terrorista várias vezes, com mais de 300 mortos e centenas de feridos em pelo menos dez atentados suicidas, sete atentados a bomba e quatro assaltos armados.

Por que isso importa?

A pandemia reduziu o número de ataques terroristas em regiões sem conflito, devido as fatores como a redução do número de pessoas em áreas públicas. Em zonas de conflito, ao contário, os jihadistas ganham força, e isso pode causar um impacto na segurança global conforme as medidas de restrição à circulação são afrouxadas.

À medida que as restrições relacionadas à pandemia diminuem gradualmente, há uma elevada ameaça de curto prazo de ataques inspirados no Estado Islâmico (EI) fora das zonas de conflito. São ações geralmente empreendidas por atores solitários ou pequenos grupos que foram radicalizados possivelmente online.

Outra razão que contribui para o fortalecimento do EI é a ação de grupos afiliados regionais, algo bastante comum no continente africano, no Afeganistão e no Sul da Ásia.

“A expansão do EI em muitas regiões da África desde o início de 2021 é alarmante”, diz relatório que o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, enviou em agosto ao Conselho de Segurança do órgão.

Na visão dos Estados-Membros da ONU, o grupo extremista “continuará a priorizar o reagrupamento e a tentativa de ressurgir” em seus dois principais domínios. O grupo continua ativo em amplas áreas da Síria, a fim de recuperar sua capacidade de combate. No Iraque, o EI permanece sob constante pressão, mas realiza operações.

No Brasil

Casos mostram que o país é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.

Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.

Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.

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