O grupo extremista islâmico Boko Haram pode estar expandindo suas atividades terroristas para outras regiões da Nigéria, disseram especialistas à emissora VOA Africa.
Líderes do grupo assumiram o recente sequestro de mais de 300 estudantes no estado de Katsina, no noroeste do país. Apesar da libertação uma semana após a captura, no dia 18, a ação criminosa serviu como alerta da situação no local.
Até então, o Boko Haram se restringia à região nordeste da Nigéria, com ataques isolados nos vizinhos Camarões, Chade e Níger. Agora, o alegado ataque ameaça a segurança do norte da Nigéria, disse o pesquisador do Centro de Estudos Estratégicos em Washington, Daniel Eizenga.

Uma possível razão para a expansão seria uma resposta à recente crise de segurança no noroeste nigeriano. A região concentra um aumento expressivo de violência intercomunitária desde agosto.
De disputas entre agricultores ao crescente crime organizado, o Boko Haram pode ter encontrado uma brecha para conquistar espaço na região. “Dentro desse contexto, é possível que o grupo pareça mais perigoso do que de fato é”, disse Eizenga.
O governo da Nigéria não confirmou a autoria dos jihadistas no sequestro de Katsina, embora o grupo tenha divulgado vídeos com os alunos em cárcere. Não é possível comprovar, contudo, que o grupo agiu sozinho.
Especialistas levantam hipóteses, como a possibilidade dos extremistas terem assumido o crime como forma de propaganda ou terem contratado gangues para realizar a ação.
Conforme o pesquisador do Conselho de Relações Exteriores dos EUA, John Campbell, outros grupos jihadistas já assumiram a responsabilidade por diversos ataques na mesma região em 2020. Um exemplo é o Ansaru, braço separatista do Boko Haram.
Boko Haram
Fundado em 2002, o Boko Haram se alinhou ao Estado Islâmico em 2015 para “purificar o Islã” no país mais populoso da África. Do árabe “a educação ocidental é um pecado”, o grupo já forçou o deslocamento de 2,3 milhões, estima a ONU (Organização das Nações Unidas).
Em 2014, a organização terrorista conseguiu controlar parte do território de Borno, no nordeste do país. Ali, foi o responsável por sequestros como o das 276 meninas na cidade de Chibok em 2014, que gerou comoção mundial. O grupo libertou apenas metade delas.
O Boko Haram também reivindicou autoria de ataques suicidas, massacres em templos religiosos e bombardeios na região. É comum que os extremistas usem crianças nos atentados.
No Brasil
Casos mostram que o país é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino. Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos. Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.