O cantor e candidato da oposição à presidência de Uganda, Robert Kyagulanyi, conhecido como Bobi Wine, já soma duas prisões desde o começo de novembro.
Forças de segurança o liberaram sob fiança nesta sexta (20), após ser acusado de realizar “manifestações impróprias” na quarta-feira contra o governo na capital Kampala.
A primeira detenção do cantor neste mês foi no último dia 3, enquanto entregava documentos para concorrer às eleições do país, marcadas para 14 de janeiro.
Em resposta à prisão, protestos invadiram as ruas de diversas cidades de Uganda. Pelo menos 37 pessoas morreram e centenas foram detidas, confirmaram autoridades de Uganda à Reuters.
Em suas redes sociais, Wine denuncia a escalada da violência policial contra a população, que também protesta contra a permanência do presidente Yoweri Museveni no poder. Há 34 anos no poder, Museveni já está no quinto mandato.
Para conter os manifestantes, a polícia usa de gás lacrimogêneo, canhões de água, detenções arbitrárias e balas reais. Já circulam vídeos na internet com relatos amedrontados sobre a truculência policial contra civis no país.
Com admiradores em todo o país por sua carreira musical, Wine é conhecido por grande parte da população de Uganda. O agora político nasceu em uma área pobre, é filho de traficantes e afirma querer mudar a realidade do país de 42,7 milhões de habitantes da África Central.
O candidato à presidência de Uganda já foi preso outras vezes por protestar contra as autoridades e por “perturbação à ordem pública”.
“É Museveni quem deveria estar neste banco dos réus por matar cidadãos inocentes”, disse Wine à repórteres nesta sexta, antes de deixar a prisão.