Estado Islâmico assume a autoria de atentado a bomba na capital de Uganda

Três extremistas entraram em um bar, onde permaneceram pouco tempo. Eles deixaram sob a mesa a bomba, que matou uma garçonete de 20 anos

O Estado Islâmico (EI) assumiu a autoria de um atentado a bomba que matou ao menos uma pessoa em um bar de Kampala, capital de Uganda, na noite de sábado (23). O grupo extremista se manifestou através de um grupo próprio no aplicativo de mensagens Telegram, segundo a rede somali Garowe.

Seguidores do EI detonaram a bomba dentro de um bar, no qual, segundo palavras do grupo extremista, “membros e espiões do governo dos cruzados de Uganda se reuniam”.

A vítima fatal seria uma garçonete de 20 anos, Emily Nyinaneza. Outras duas pessoas foram levadas ao hospital com ferimentos graves, de acordo com o jornal local Daily Monitor.

Três homens são suspeitos de terem empreendido o ataque, mas nenhum deles foi detido. O trio entrou no bar, sentou-se brevemente e, ao sair, deixou uma mala contendo o explosivo.

Polícia de Uganda trabalha após explosão de uma bomba em Kampala (Foto: reprodução/Twitter)

Fred Enanga, porta-voz da polícia local, disse que a explosão foi causada por um IED (dispositivo explosivo improvisado, da sigla em inglês). A bomba continha pedaços de correias de bicicleta, pregos e peças metálicas, que foram lançados com a explosão e feriram os frequentadores do local.

Explosão em ônibus

Nesta terça-feira (26), uma nova ação terrorista, esta dentro de um ônibus, terminou com uma pessoa morta e uma ferida na capital ugandesa. Nenhum grupo havia assumido a autoria desse ataque até o fechamento da matéria.

A explosão no ônibus foi confirmada pelo presidente Yoweri Museveni em sua conta no Twitter. Segundo ele, quem morreu foi o próprio indivíduo que carregava a bomba, identificado como Issac Matovu, embora não esteja claro se a explosão foi proposital ou acidental.

“O outro suspeito de terrorismo que estava na companhia de Matovu desembarcou do ônibus depois de dizer ao motorista e ao cobrador que precisava processar alguns documentos para sua viagem fora de Uganda. Estamos à sua procura”, disse o porta-voz da polícia.

Apenas duas semanas antes dos ataques, os governos de França e Reino Unido emitiram um aviso a seus cidadãos para que evitassem viajar a Uganda, devido ao risco iminente de um ataque terrorista.

Por que isso importa?

Nos últimos anos, o EI se enfraqueceu financeira e militarmente. Em 2017, o exército iraquiano anunciou ter derrotado a organização no país, com a retomada de todos os territórios que ela dominava desde 2014. O grupo, que chegou a controlar um terço do Iraque, hoje mantém apenas células adormecidas que lançam ataques esporádicos. Já as Forças Democráticas Sírias (FDS), apoiadas pelos EUA, anunciaram em 2019 o fim do “califado” criado pelos extremistas no país.

De acordo com um relatório do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), publicado em julho deste ano, a prioridade do EI atualmente é “o reagrupamento e a tentativa de ressurgir” em seus dois principais domínios, Iraque e Síria. O documento sugere, ainda, que o grupo teve considerável perda financeira recentemente, devido a dois fatores: as operações antiterrorismo no mundo e a má gestão de fundos por parte de seus líderes.

Paralelamente à derrocada do EI, a pandemia de Covid-19 reduziu o número de ataques terroristas em regiões sem conflito, devido a fatores como a redução do número de pessoas em áreas públicas. Entretanto, grupos jihadistas têm se fortalecido em zonas de conflito, e isso pode causar um impacto na segurança global conforme as regras de restrição à circulação são afrouxadas.

Esse cenário permitiu ao EI, particularmente, ganhar uma sobrevida, fazendo uso sobretudo do poder da internet. À medida em que as restrições relacionadas à pandemia diminuem gradualmente, há uma elevada ameaça de curto prazo de ataques inspirados no grupo fora das zonas de conflito. São ações empreendidas por atores solitários ou pequenos grupos que foram radicalizados e incitados através da internet.

Atualmente, o principal reduto do EI é o continente africano, onde consegue se manter relevante graças ao recrutamento online e à ação de grupos afiliados regionais. A expansão do grupo em muitas regiões da África desde o início de 2021 é alarmante e pode marcar a retomada de força da organização.

No Brasil

Casos mostram que o Brasil é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.

Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.

Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.

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