O governo da Etiópia afirmou, no sábado (24), que os Estados Unidos incitam uma guerra do país contra o Egito e ameaçam a conclusão da Barragem da Renascença, do rio Nilo Azul.
Em nota, o ministro das Relações Exteriores etíope, Gedu Andargachew, pediu explicações ao embaixador dos EUA no país depois que o presidente norte-americano, Donald Trump, ameaçou não disponibilizar qualquer recurso para a conclusão da estrutura.
“Eles nunca verão esse dinheiro a menos que sigam o acordo”, disse Trump na sexta-feira (23), ao anunciar que o Sudão normalizará as relações com Israel. “Eles [o Egito] acabarão explodindo a barragem”, registrou a Associated Press.
“O incitamento à guerra do presidente dos EUA não reflete a nossa parceria de longa data”, diz o documento assinado pelo ministro etíope. “A Etiópia não cederá a agressões de qualquer tipo”.
O governo norte-americano já suspendeu a ajuda humanitária à Etiópia no último dia 2 de setembro. O motivo alegado foi a “falta de progresso” nas negociações de Addis Abeba com o Egito e Sudão.
O projeto, situado no oeste da Etiópia, é tema de controvérsia desde que o país iniciou o projeto de US$ 4 bilhões, em 2011. A decisão do governo de Donald Trump desafia a Etiópia, que decidiu de forma unilateral pelo enchimento da barragem.
Discussão acalourada
Cairo e Cartum entendem que o país não deve dar início ao processo sem antes chegarem a um consenso. A Etiópia, por sua vez, afirma que já abandonou as negociações com os dois países.
O enchimento do reservatório, de 74 bilhões de metros cúbicos, afeta diretamente o meio ambiente e a já escassa oferta de água às populações egípcia e sudanesa.
O Egito afirma que pretende resolver a disputa por meios diplomáticos, mas que usará “todos os meios possíveis” para defender os interesses de sua população.
Com a barragem, a Etiópia busca se tornar a principal exportadora de energia da África. Cerca de 85% do fluxo do Rio Nilo se origina nos rios Nilo Azul e Nilo Branco, dentro do território etíope. A expectativa é que a estrutura alcance a capacidade total de geração de energia até 2023.