O Sudão anunciou no último dia 3 a retomada do diálogo com o Egito e a Etiópia para resolver a longa disputa sobre a construção de uma barragem etíope no rio Nilo. A informação é da Al-Jazeera.
Os três países não conseguem entrar em um acordo, mesmo após anos de negociação. Enquanto a Etiópia afirma que a barragem é essencial para seu desenvolvimento. Já Egito e Sudão se preocupam com o abastecimento de água vital para o rio Nilo.
Segundo o Ministério da Água do Sudão, a conferência realizada virtualmente foi mediada pela África do Sul, atual presidente da União Africana.
As autoridades egípcias e sudanesas estão sob pressão para resolver o impasse antes de a Etiópia iniciar o enchimento da barragem, agendado para ocorrer dentro de algumas semanas.
O Egito já recorreu ao Conselho de Segurança da ONU, alegando que a barragem representa ameaça. Em uma carta às Nações Unidas, o Sudão apontou o “grande risco” a milhões de vidas caso a Etiópia siga os planos sem um acordo.

Estresse hídrico
A Etiópia iniciou a construção da barragem em 2011. Após sua conclusão, a estrutura será a maior instalação hidroelétrica do continente africano. As autoridades etíopes afirmam que a infraestrutura é essencial para tirar milhões de pessoas da pobreza no país.
No entanto, o Egito depende do rio Nilo para mais de 90% de seu abastecimento de água e já enfrenta um alto estresse hídrico. O país teme um efeito devastador sobre a sua população caso a Etiópia conclua o projeto da barragem.
O Sudão, também dependente do Nilo, desempenha um papel fundamental nas negociações, depois que Estados Unidos não conseguiram mediar os diálogos em fevereiro deste ano.
Washington mediava o impasse entre os três países desde o final do ano passado. Porém, no início de 2020, a Etiópia não participou de uma rodada final, na qual se esperava a assinatura de um acordo.
