Sudão deixará lista de terrorismo se pagar indenização a vítimas, diz Trump

Valor a ser pago por Sudão chega a US$ 335 milhões; Cartum vê medida como oportunidade de recuperar economia

A exigência estabelecida pelo presidente dos EUA, Donald Trump, para que o Sudão deixe a lista de patrocinadores do terrorismo é o pagamento de US$ 335 milhões às vítimas norte-americanas de atentadosnos quais houve envolvimento de antigos governos do país africano.

A medida já era esperada pelo governo do Sudão desde o início das negociações, mas ganhou ênfase durante o processo de mediação dos EUA com os países árabes para o reconhecimento de Israel.

No Twitter, na segunda (19), Trump celebrou o acordo. “Finalmente, justiça para o povo americano e grande passo para o Sudão”, escreveu.

O consenso foi estabelecido no mesmo dia pelo secretário do Tesouro dos EUA, Stephen Mnuchin. Em viagem a Bahrein, Mnuchin foi se certificar dos últimos detalhes sobre o reconhecimento do Estado judeu pelo país.

Sudão deixará lista de terrorismo se pagar indenização a vítimas, diz Trump
O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo (esquerda) e o presidente do Sudão, Fattah el-Burhan, em discussão sobre a indenização das vítimas do terrorismo, em Cartum, em agosto deste ano (Foto: U.S. Embassy Khartoum/Alsanosi Ali)

A saída da lista após 27 anos auxilia o governo sudanês a garantir empréstimos internacionais à sua já combalida economia.

O país ainda precisa consolidar de sua frágil democracia após uma revolta popular contra o líder autocrático Omar al-Bashir, que o derrubou em 2019.

“É um grande passo em reconhecimento à mudança histórica que vivemos no Sudão”, disse o general Abdel-Farrah Burhan, que chefia o conselho governante do país desde abril de 2019.

Com um governo de transição militar-civil, o Sudão deve realizar eleições no final de 2022.

Além de retirar o Sudão da lista, os EUA também oferecem outros incentivos políticos e econômicos, segundo a revista “Foreign Policy“.

Assistência humanitária adicional, conferência de comércio e investimentos nos EUA e a promessa de acelerar as discussões para receber ajudar pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) e pelo Banco Mundial são alguns exemplos.

Ataques terroristas

O Sudão concordou em indenizar mais de 500 das 700 vítimas dos atentados de 1998 às embaixadas dos EUA no Quênia e na Tanzânia. A rede Al-Qaeda conduziu os ataques à época, enquanto o líder do grupo extremista, Osama bin Laden, operava do Sudão.

As famílias das vítimas do ataque de 11 de setembro de 2001, em Nova York, também processaram o Sudão. Ainda não há nenhuma definição sobre um possível ressarcimento. Sem o Sudão, apenas Irã, Coreia do Norte e Síria permanecem na lista.

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